Sono ajuda o cérebro a selecionar memórias, diz estudo.

Mulher dormindo
O sono tem um papel importante na memória seletiva
O sono tem um papel importante na hora do cérebro selecionar o que a memória armazena e o que é esquecido, sugere um estudo realizado nos Estados Unidos.

Segundo a pesquisa da Universidade de Harvard e do Boston College, um período de sono ajuda o cérebro na hora de preservar as lembranças mais emocionais e “eliminar” aquelas mais neutras e menos significativas.

“Para preservar o que considera mais importante, o cérebro faz uma troca, fortalecendo o foco da emoção e diminuindo o seu cenário neutro”, diz Jessica Payne, principal autora do estudo.

A pesquisa foi publicada na edição desta semana da revista científica Psychological Science.

Teste de memória

Para chegar aos resultados, foram feitos testes com 88 estudantes universitários. Os pesquisadores mostraram aos participantes cenas que traziam objetos neutros em cenários neutros – um carro estacionado em frente a algumas lojas em uma rua – ou objetos com aparência negativa em um cenário comum – um carro estraçalhado estacionado em uma rua parecida.

Para avaliar o impacto do sono na seleção da memória, os pesquisadores dividiram os participantes em três grupos. O primeiro realizou um teste de memória depois de 12 horas acordados durante o dia; os estudantes do segundo grupo foram submetidos aos testes depois de 12 horas noturnas que incluíam o período normal de sono e o terceiro grupo fez o teste apenas 30 minutos depois de ver as imagens.

Os resultados sugerem que a maioria dos estudantes do grupo que fez o teste depois de 12 horas acordados não se lembrou do aspecto negativo das imagens e o esquecimento dos objetos centrais e neutros aconteceu no mesmo ritmo.

No entanto, entre os estudantes que fizeram o teste de memória depois de um período de sono, a maioria tinha lembrado dos objetos negativos e portanto, de maior impacto emocional, com detalhes.

“Depois de uma noite de sono, os participantes lembraram dos objetos emocionais – o carro estraçalhado – com a mesma precisão do que aqueles que fizeram o teste 30 minutos depois de terem visto as imagens”, afirmou Elizabeth Kesinger, co-autora do estudo.

Além de guardar melhor as lembranças mais importantes, os estudantes que dormiram antes dos testes não haviam retido muitos detalhes sobre as cenas neutros, como os detalhes da rua em que o carro estava estacionado. Isso demonstraria que o sono ajuda na seleção das memórias.

Sono

“Dormir é um processo inteligente e sofisticado. É possível dizer que dormir é como trabalhar à noite para decidir que memórias devemos armazenar e quais devemos esquecer”, disse Payne.

A pesquisadora cita como exemplo dessa “troca” feita pelo cérebro o efeito conhecido como focagem de arma, no qual as testemunhas oculares de um crime conseguem lembrar com precisão detalhes da arma usada pelo criminoso, mas não se recordam de outros aspectos importantes da cena.

Segundo ela, o cérebro consegue “desatar” os componentes emocionais da memória durante o sono e esse “desligamento” permite ao cérebro fazer uma operação seletiva e armazenar apenas as informações que considera mais salientes e que devem ser lembradas.