Sonda Phoenix encontrou gelo em Marte, dizem pesquisadores.
FELIPE MAIA
Técnicos da missão da sonda Phoenix estão convictos de que o material brilhante encontrado na superfície de Marte é gelo, e não sal. Eles chegaram a essa conclusão em razão de quantidades do material que haviam sido fotografadas pela sonda há cerca de cinco dias terem desaparecido do solo --indicando que a água congelada se transformou em vapor após ter sido exposta no solo.
A Phoenix está em Marte desde o dia 25 de maio com a missão de investigar as características da água e outros materiais existentes no pólo norte do planeta --procurando por condições propícias para a vida no planeta, como compostos orgânicos, ou respostas para questões como a mudança climática.
Nasa |
Material brilhante encontrado pela Phoenix em Marte; amostras desapareceram após alguns dias, o que indica sublimação de gelo |
"Tudo o que nós vimos nos espectros é consistente com [a existência de] gelo nas valas. As últimas imagens da vala mostram que o material brilhante está desaparecendo. Isso pode ser gelo sublimando, mas não sal", afirma, por e-mail, Nilton Rennó, cientista brasileiro e um dos líderes de pesquisa da missão.
Segundo ele, os pesquisadores ainda estão analisando o assunto, mas "quase não há mais dúvidas" de que o material seja gelo.
Para confirmar a informação, a Phoenix vai colocar amostras da superfície em um instrumento chamado Tega (sigla em inglês para Analisador de Gás Térmico e Expandido), para confirmar essas impressões.
Solo rígido
Outra evidência de que o material é gelo é a dureza do solo encontrado próximo ao local em que a Phoenix está. Eles apostam que a sonda está fixada sobre um bloco de gelo, o que facilita a prospecção do solo --não deve ser necessário fazer buracos muito profundos.
Os resultados da missão fizeram com que Rennó afirmasse à Folha Online, na semana passada, que "nunca estivemos tão perto de achar vida em outro lugar, se realmente existir alguma".
Espaço cheio
Nesta semana, a Phoenix está enfrentando problemas de memória, fazendo com que alguns dados científicos fossem perdidos. Para não forçar a memória da sonda, o equipamento foi programado para conter pesquisas científicas e a diminuir a prioridade dos dados utilizados para manutenção da sonda.
Por isso, os técnicos da missão estão preparando uma atualização no software da sonda para resolver o problema, causado pelo excesso de dados criados pela Phoenix sobre seus próprios sistemas, para "manter a casa em ordem". O objetivo é fazer com que os dados científicos sejam salvos novamente na sonda, caso necessário.
Para não forçar o sistema, os técnicos tomaram a precaução de não armazenar dados científicos na memória flash da sonda --os dados estão sendo enviados diretamente para a Terra ao fim de cada dia, até que o problema seja resolvido.
Projeto
O cientista brasileiro reconhece que o problema atrasou "um pouco" as pesquisas. Mas outras atividades foram mantidas, como cavar o solo e testar técnicas para colocar as amostras nos experimentos. "Nossa programação de três meses tem uma margem de 30 dias para contingências como essa", afirma Barry Goldstein, gerente de projetos da Phoenix, em nota.
Apesar de estar a cerca de 275 milhões de km de distância, a Phoenix age de acordo com comandos enviados por profissionais em terra. Os técnicos recebem informações enviadas pela sonda e, com base nessas análises, enviam os comandos para a sonda.