Messenger descobre Aranha na superfície de Mercúrio.

 

SÃO PAULO - Dados enviados à Terra pelos sete instrumentos científicos da sonda Messenger, que fez uma passagem próxima por Mercúrio no último dia 14, mostram que o planeta é muito diferente da Lua - que costumava ser o astro mais comparado a Mercúrio - e tem um campo magnético que, à primeira vista, pareceu muito diferente do detectado pela única outra sonda a visitar o planeta, a Mariner 10.  

A Messenger já enviou 1.213 imagens de Mercúrio. A sonda só entrará em órbita do planeta em 2011 - até lá, fará uma série de manobras nas imediações do próprio Mercúrio e ao redor do Sol.  

"Essa passagem nos permitiu ver uma parte do planeta que nunca tinha sido vista por naves espaciais, e nossa pequena nave nos enviou uma mina de ouro de dados", disse o principal pesquisador do projeto, Sean Solomon, segundo nota divulgada no website oficial da Messenger. 

A sonda descobriu uma estrutura, apelidada de Aranha, que nunca tinha sido vista em Mercúrio ou na Lua. Trata-se de uma série de mais de uma centena saliências, no centro da região chamada Bacia Caloris, com uma cratera no núcleo. Não se sabe se a cratera está ligada ao restante da formação. 

Também diferentemente da Lua, Mercúrio tem enormes escarpas, estruturas que se estendem por quilômetros na superfície do planeta, traçando padrões dos primórdios do planeta. A alta densidade dá a Mercúrio uma gravidade de 38% da terrestre, quase igual à de Marte - um planeta 40% maior que Mercúrio em diâmetro e com quase três vezes seu volume. 

Segundo nota da Nasa,  a Messenger encontrou diferenças no campo magnético do planeta em relação ao descoberto pela Mariner 10, há 34 anos. Mas o pesquisador Brian Anderson, responsável pelo magnetômetro da missão, afirmou que, uma vez feitas correções para levar em conta o efeito do vento solar, o resultado ficou muito parecido com o medido pela Mariner 10.  

O mistério agora, disse ele, é determinar a fonte do campo: dos quatro planetas rochosos do Sistema Solar, só Mercúrio e a Terra têm campos magnéticos fortes. Marte apresenta sinais de ter contado com um campo intenso no passado, mas não o possui mais. 

Outros instrumentos da nave forneceram vislumbres da composição mineral da superfície do planeta e detectaram emissões ultravioleta de sódio, cálcio e hidrogênio na camada mais exterior da tênue atmosfera, a chamada exosfera. A Messenger explorou ainda a longa "cauda" de sódio da exosfera, que se estende a mais de 30 mil quilômetros do planeta.