Astrônomos anunciam descoberta de planeta recém-nascido.

Esta é a primeira confirmação prática da teoria de que planetas nascem em discos de gás ao redor de estrelas.

Ilustração do planeta girando junto à borda interna do disco protoplanetário

Johny Setiawan/Divulgação

Ilustração do planeta girando junto à borda interna do disco protoplanetário.

SÃO PAULO - Uma equipe de cientistas do Instituto Max Planck da Alemanha anuncia a descoberta, a 180 anos-luz da Terra, de um planeta-bebê, com menos de 10 milhões de anos de idade, girando ao redor de uma estrela que ainda está cercada por um disco primitivo de gás e poeira.  

A teoria predominante para a formação de planetas afirma que eles nascem a partir do material desses discos, mas esta é a primeira vez que se detecta a presença simultânea do disco e de um mundo ao redor de uma mesma estrela.  

O planeta, chamado TWHya b, é um gigante gasoso com cerca de dez vezes a massa de Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar, e gira em torno da estrela TWHydrae, um astro jovem, com aproximadamente 10 milhões de anos e cerca de 70% da massa do Sol.  

O Sol e seus planetas, incluindo a Terra, têm idade estimada em 4,6 bilhões de anos.  

TWHya b fica extremamente perto de sua estrela - gira junto à borda interna do disco de gás, a uma distância de 0,04 unidade astronômica (UA), ou 4% da distância entre a Terra e o Sol. No Sistema Solar, o planeta mais próximo do Sol, Mercúrio, orbita a 0,38 UA. 

Segundo o artigo que descreve a descoberta, TWHya b teria surgido dentro do chamado disco protoplanetário, a uma distância de 1 a 4 UA da estrela, e migrado para sua posição atual ao longo de 100 mil anos.  

"Podemos supor que o planeta foi responsável pela limpeza da parte interna do disco", ao absorver, por gravidade, o gás existente ali, diz o texto, publicado na edição desta semana da revista Nature.  

Os autores da descoberta afirmam que o novo planeta é a primeira demonstração prática - e não puramente matemática - de que é possível que mundos se formem antes que o disco protoplanetário seja dissipado pelas partículas e pela radiação emitidas pela estrela.

Em 2005, uma equipe de astrônomos americanos havia anunciado a descoberta de pequenas pedras - com centímetros de diâmetro - no disco protoplanetário de TWHydrae.  

Esse achado foi descrito, na época, como um sinal de que a formação de planetas estaria em andamento: as pequenas pedras seriam as sementes de futuros mundos. O trabalho foi publicado no periódico Astrophysical Journal Letters