Cientistas descobrem como funciona identificação de ameaças em plantas.

Cientistas espanhóis, dirigidos pelo biólogo Roberto Solano, do Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC), descobriram como as plantas se defendem contra suas ameaças externas, após decifrar o mecanismo de ação do jasmonato, um hormônio que é utilizado como sinal de perigo.

A missão desta pequena molécula é atuar de sentinela e avisar sobre uma ameaça exterior, em forma de animal herbívoro, fungo ou bactéria, afirmam os cientistas em artigo publicado no último número da revista "Nature".

Solano disse que a descoberta pode chegar a ter relevância no desenvolvimento de soluções agronômicas e ambientais frente às ameaças da mudança climática para as atuais condições de vida na Terra.

Além disso, "a compreensão do mecanismo de ação deste hormônio nas plantas poderia ter também importantes repercussões na pesquisa e tratamento do câncer", afirmou Solano.

Recentemente a atividade antitumoral do jasmonato foi descrita em células animais em cultivo, sem que se conheça por enquanto o mecanismo molecular que está por trás dela.

Os cientistas, do Centro Nacional de Biotecnologia (CSIC) em Madri, e da Universidade Miguel Hernández de Elche, desenvolveram seus experimentos na Arabidopsis thaliana.

Trata-se de uma crucífera, parente próxima do rabanete, da couve, e da mostarda, e universalmente usada como planta modelo para a pesquisa vegetal.

Desde seu descobrimento há 45 anos no aroma do jasmim (ao que deve seu nome, do inglês jasmine), existem várias evidências que o jasmonato seja fundamental para a sobrevivência das plantas na natureza.

O jasmonato regula sua resposta a muitas situações de estresse, como o ataque de patógenos ou insetos, a seca ou as variações extremas da temperatura ambiental.

Segundo Solano, "uma das primeiras respostas da planta perante a infecção por um patógeno ou a aparição de uma ferida, como a causada pela mordida de um herbívoro, é a síntese de jasmonato".

Este hormônio inicia uma bateria de genes de defesa, mediante um processo de transmissão que, até agora, não era conhecido em detalhe.

A pesquisa identificou uma família de proteínas repressoras, batizadas pelos pesquisadores como JAZ (abreviatura de jasmonate zim-domain proteins), que representavam o elo perdido na cadeia de transmissão do sinal do jasmonato.

O estudo confirma que, à revelia do hormônio, as JAZ se unem aos fatores de transcrição e impedem que eles atuem.

Por outro lado, quando aparece um perigo, a planta produz jasmonato, como sinal de alarme, que se une a um receptor e induz a eliminação das JAZ.

Este processo de degradação das proteínas libera os fatores de transcrição, ativa seus genes de ataque e desencadeia a resposta de defesa. Na ausência de perigo, a bateria de genes de defesa permanece, por outro lado, inativa.

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