Borboletas do Pacífico Sul evoluem num piscar de olhos.

borboleta Lua Azul
Bactéria fatal é transmitida pela mãe aos embriões machos
Cientistas britânicos disseram ter testemunhado uma das mudanças mais rápidas no processo da evolução, em uma espécie de borboleta que vive do Pacífico Sul.

Segundo pesquisadores da University College of London, borboletas tropicais da espécie Lua Azul desenvolveram, num espaço curto de tempo, uma forma de lutar contra uma bactéria parasita que mata somente os machos da espécie.

Há seis anos, os machos representavam apenas 1% da população das borboletas Lua Azul observadas em duas ilhas do Pacífico Sul.

No ano passado, porém, os estudiosos constataram que os insetos machos haviam desenvolvido um gene supressor capaz de resistir à bactéria e já representavam 40% da população.

A bactéria Wolbachia, que é transmitida pela mãe apenas aos embriões machos, causa a morte dos insetos antes de saírem do casulo.

Seleção natural

Os pesquisadores ainda não têm certeza se o novo gene que suprimiu o parasita surgiu de uma mutação da espécie local ou se foi introduzido por borboletas migratórias provenientes do sudeste asiático, onde tais mutações já haviam sido observadas.

"Até onde eu saiba, esta é a mais rápida evolução já observada", diz o pesquisador Sylvain Charlat , que publicou o estudo na revista Science.

Gregory Hurst, que também participou da pesquisa, acrescentou:

"Nós sempre achamos que o processo de seleção natural das espécies evolui ao logo de milhares de anos. Mas essa pesquisa mostra um exemplo de evolução que aconteceu num piscar de olhos, em termos evolucionais, um fato remarcável que merece ser observado", disse Hurst.

A equipe de pesquisadores começou a analisar o grande desequilíbrio entre os dois sexos da borboleta Lua Azul em 2001 e aprofundaram os estudos depois de constatar um aumento na população de machos em 2006, que praticamente havia se igualado à feminina.