Cientistas querem mudar dieta de vacas para combater mudança climática.

 
Da EFE, em Londres
 
Os ruminantes, como as vacas, são responsáveis por até 25% das emissões de metano produzidas pelas atividades humanas, incluindo a pecuária, e cientistas britânicos querem mudar a dieta desses animais para fazer com que seja melhor digerida, em benefício da mudança climática.

Especialistas do Instituto de Pesquisas Ambientais de Aberystwyth (Gales, Reino Unido) acreditam que é possível modificar a dieta para que os animais produzam menos metano, que é um gás de efeito estufa mais potente que o dióxido de carbono.

Segundo o especialista Mike Abberton, os pecuaristas poderiam ajudar a combater a mudança climática cultivando variedades de pasto que tenham maiores níveis de açúcar.

Uma dieta alterada como esta pode modificar a forma como as bactérias nos estômagos dos ruminantes transformam o material ingerido em gás, que depois soltam para a atmosfera.

O instituto lançou um novo projeto de pesquisa com as universidades de Gales e Reading para ver como este processo pode ser melhorado.

Um projeto similar realizado na Nova Zelândia indica que estas alterações na dieta podem reduzir as emissões de metano das ovelhas em até 50%.

"É improvável que no Reino Unido consigamos uma redução tão grande, mas, mesmo se fosse menor, já seria significativa. Tornar a dieta dos animais mais digestíveis pode reduzir suas emissões de metano", explica Abberton.

Uma vaca pode produzir diariamente entre 100 e 200 litros de metano.

Além de reduzir a produção de metano, o cultivo de certas leguminosas pode ajudar a melhorar os níveis de nitrogênio do solo, já que estas plantas atraem de forma natural bactérias e fungos que fixam o nitrogênio da atmosfera.

Segundo um porta-voz do Ministério de Alimentação e Assuntos Rurais britânico, outra idéia para reduzir a produção de metano é aumentar a longevidade da vaca, já que, desta forma, se produziria a mesma quantidade de leite com menor número de animais.

A mais longo prazo, os especialistas do ministério estudam a possibilidade de reduzir o metano gerado pelo gado através de intervenções de engenharia genética no sistema digestivo dos animais.

Os especialistas colocaram ovelhas trancadas em estufas, onde analisam o ar através de espectrômetros antes e depois de os animais ingerirem a grama.

Os cientistas acreditam que terá que convencer os criadores de gado das vantagens adicionais que pode ter a introdução de novos tipos de pasto para que aceitem as despesas suplementares acarretadas pela alteração da dieta dos animais.

A agricultura representa aproximadamente 37% das emissões de metano e 67% das de óxido nitroso produzidas no Reino Unido.

Os cientistas britânicos não são os únicos preocupados com este problema. Especialistas da universidade alemã de Hohenheim, em Stuttgart, anunciaram este ano que tinham desenvolvido uma pílula que reduz as emissões de metano do gado, convertendo o gás em glicose com a ajuda de uma dieta especial.