Greenpeace: mundo terá 200 milhões de refugiados do clima em 2040.

BERLIM, 19 jun (AFP) - O aquecimento global poderá causar 200 milhões de refugiados do aquecimento global em 2040 e a massa de afetados será dos residentes em países pobres, alertou a organização ambientalista Greenpeace nesta terça-feira.

Segundo o Greenpeace, a previsão se baseou num estudo do acadêmico alemão Cord Jakobeit, da Universidade de Hamburgo, segundo o qual os mais propensos a ter que deixar suas casas devido a desastres ambientais causados pelo aquecimento global seriam os habitantes das regiões mais pobres do mundo.

Especialistas acreditam que já existam pelo menos 20 milhões de refugiados do clima e alguns previram que o número irá aumentar em 10 vezes à medida que o impacto da elevação das temperaturas for mais claramente sentido.

Eles afirmam que comunidades "inuit" estão sendo deslocadas pelo derretimento do gelo na América do Norte e na Groenlândia e que os moradores da região africana de Sahel, afetada pela seca, das planícies alagáveis de Bangladesh e das ilhas do Pacífico Sul estão sofrendo destino parecido.

O climatologista do Greenpeace Andree Boehling alertou para o aparecimento de uma nova categoria de refugiados, que não goza de proteção política porque sua condição não é reconhecida apropriadamente.

"As pessoas mais pobres do mundo não tiveram participação na mudança climática, mas serão as primeiras a sofrer severamente suas conseqüências", afirmou.

"Enquanto isso, as nações industrializadas que causaram o aquecimento global negam a existência de refugiados do clima e usam suas leis para refugiados para evitar ter que cuidar deles", acrescentou Boehling.

O termo "refugiado do clima" foi cunhado cerca de uma década atrás para descrever aqueles que são forçados a deixar suas casas devido aos efeitos do aquecimento climático, mas não é oficialmente reconhecido por governos ou pelas Nações Unidas.

Um estudo feito pelas organizações Cruz Vermelha e Crescente Vermelho em 2000 demonstrou que 25 milhões de pessoas já tinham deixado suas casas devido a tensões ambientais, o que corresponde, grosso modo, ao mesmo número daqueles deslocados por conflitos armados.