Até 2050, 100 milhões terão Alzheimer.

Relatório afirma que uma em cada 85 pessoas no mundo sofrerá da doença em 43 anos.
Para pesquisador Ron Brookmeyer, uma epidemia global de Alzheimer se aproxima.

Mais de 100 milhões de pessoas sofrerão do mal de Alzheimer em todo o mundo até 2050, quase quatro vezes os atuais 26 milhões, segundo um novo relatório divulgado neste domingo (10) em uma conferência sobre a doença.

O estudo, liderado pelo pesquisador Ron Brookmeyer, da Universidade Johns Hopkins, foi divulgado em Washington e afirma que, no ritmo atual, uma em cada 85 pessoas no mundo sofrerá da doença até 2050.

Mais de 40% dos casos estarão em fase avançada, o que fará com que os doentes precisem de um grande atendimento.

O Alzheimer é a manifestação mais comum da demência e se caracteriza pela perda progressiva da memória e outras faculdades mentais, levando à morte.

Brookmeyer disse, em comunicado, que "uma epidemia global de Alzheimer" se aproxima. Ele destacou que "mesmo avanços modestos na prevenção, ou retardar o avanço da doença, podem ter um impacto gigantesco sobre a saúde pública mundial".

Nesse sentido, o relatório afirma que o adiamento da aparição da doença em um ano reduziria os casos de Alzheimer em 12 milhões até 2050. Retardar tanto o começo do mal quanto sua progressão em dois anos reduziria o número de doentes em 18 milhões.

O estudo destaca que 16 milhões dos casos estariam em fase avançada, exigindo cuidados intensivos.

Diante disso, os pesquisadores que se reúnem neste fim de semana na segunda Conferência Internacional sobre a Prevenção da Demência insistem na necessidade de investir no desenvolvimento de medicamentos para tratar a doença.

"O número de pessoas atingidas pelo mal de Alzheimer está aumentando em níveis alarmantes e os crescentes custos terão um efeito devastador sobre as economias globais, os sistemas de saúde e as famílias", disse William Thies, vice-presidente da Associação de Alzheimer dos EUA.

Thies convidou os EUA a transformarem o Alzheimer em "uma prioridade nacional antes que seja tarde demais". Para ele, "a ausência de medicamentos efetivos para alterar o curso da doença somado ao envelhecimento da população transforma o Alzheimer na crise da saúde do século XXI".

No entanto, segundo ele, existem motivos para a esperança, ao lembrar que há vários remédios em testes adiantados que prometem "conter ou deter totalmente o avanço da doença".

"Isso, combinado com as melhoras nos sistemas de diagnóstico, tem o potencial de mudar o panorama do Alzheimer", insistiu Thies. Ele disse que, para que essa promessa se torne realidade, é necessário um maior financiamento.

As projeções divulgadas neste domingo afirmam que o maior aumento na incidência da doença será na Ásia, o continente mais povoado, onde já são registrados quase metade do total de casos (cerca de 12,6 milhões).

Até 2050, 62,8 milhões de asiáticos devem sofrer de Alzheimer, do total de 106 milhões estimados para a escala global.

Na Europa, o número subirá para 16,5 milhões, contra os pouco mais de 7 milhões atuais. Na América Latina e no Caribe o número passará de 2 milhões para 10,8 milhões. Na África, o número passará de 1,3 milhão para 6,3 milhões, e na Oceania, de 200 mil para 800 mil.

A doença recebeu seu nome em referência ao médico alemão Alois Alzheimer, que a identificou em novembro de 1906. Mais de 100 anos depois, o mal de Alzheimer ainda não tem cura. 

O acúmulo excessivo no cérebro de proteínas beta (em forma de placas beta-amilóide) e tau (em forma da letra grega tau) representa a manifestação física do Alzheimer.

Essa acúmulo faz com que a conexão entre as células se perca e que muitas delas morram.