Hubble acha anel de matéria misteriosa.
Estrutura gigantesca de matéria escura está a 5 bilhões de anos-luz da Terra.
Achado confirma papel dessa forma de matéria na estruturação do cosmos.
Com a ajuda do Telescópio Espacial Hubble, cientistas deram um jeito de enxergar o invisível: um anel de matéria escura, um componente misterioso e muito importante da massa do Universo, no interior de um aglomerado de galáxias a cerca de 5 bilhões de anos-luz da Terra.
O adjetivo "gigantesco" se apequena diante do tamanho de anel de matéria escura: seu diâmetro é estimado em 2,6 milhões de anos-luz (um ano-luz é a distância percorrida pela luz no vácuo em um ano, ou seja, cerca de 9,5 trilhões de quilômetros). A estrutura foi flagrada por uma equipe internacional de pesquisadores no aglomerado de galáxias ZwCl0024+1652.
Um dos pesquisadores responsáveis pela descoberta, M. James Jee, da Universidade Johns Hopkins (Estados Unidos), conta que a descoberta é importante porque se trata da primeira vez em que a matéria escura não parece acompanhar de perto a distribuição da matéria "normal", visível. Ele chegou a achar que se tratava de um erro de observação, mas vários testes sucessivos mostraram que os dados estavam corretos.
Ninguém sabe do que é feita a matéria escura, já que não é possível observá-la diretamente. Mas sua presença é inferida por causa da distribuição das galáxias e aglomerados de galáxias: se não houvesse mais matéria além da visível nessas estruturas, a gravidade não seria suficiente para mantê-las em sua posição atual. Acredita-se que essa forma misteriosa de matéria corresponda a 25% da composição do cosmos. O resto é matéria "comum" (5%) e a ainda mais misteriosa energia escura (70%).
Os cientistas estimam que a distribuição em forma de anel no aglomerado se deva a uma colisão antiga entre duas galáxias. O estudo vai ser publicado na revista científica "Astrophysical Journal".