Há material derretido no núcleo de Mercúrio, diz estudo.

Ecos de sinais de radar enviados ao planeta mais próximo do Sol revelaram distorções na rotação, atribuídas à prsença de líquido no interior do astro.

Associated Press

Nasa
Ilustração da sonda Messenger em órbita de Mercúrio

WASHINGTON - Pesquisadores afirmam ter desvendado um mistério no núcleo de Mercúrio, o planeta mais próximo do Sol - e dizem que há um fluido no interior do pequeno astro. A descoberta ajuda a explicar a determinação, anos atrás, de que Mercúrio conta com um pequeno campo magnético.

Quando o campo magnético foi detectado pela sonda Mariner 10, cientistas ficaram intrigados, pois acreditavam que, sendo tão pequeno, o planeta deveria ter um núcleo sólido.

Mas a explicação mais comum para um campo magnético é a presença um interior liquefeito, como o da Terra. A Lua e Marte, por exemplo, mostram evidência de ter tido campos magnéticos no passado.

A sonda Messenger está a caminho de Mercúrio e deverá chegar em 2008, mas nesse meio tempo, cientistas liderados por Jean-Luc Margot lançaram uma iniciativa própria para desvendar o coração do planeta.

Cozinheiros que querem saber se um ovo cozido está duro por dentro usam um truque simples: girar o ovo. Se o interior estiver sólido, o ovo girará normalmente. Se líquido, irá oscilar. Incapazes de fazer Mercúrio girar com um movimento da mão, os pesquisadores usaram telescópios para observar atentamente a rotação do planeta.

Enviando pulsos de radar em direção a Mercúrio, os cientistas registraram o eco do retorno à Terra. Com o radar, conseguiram determinar a taxa de rotação do planeta com precisão de uma parte em 100 mil.

As observações, realizadas ao longo de cinco anos, permitiram que os cientistas calculassem distorções no giro de Mercúrio, chamadas librações, causadas pela gravidade do Sol. A magnitude das librações foi o dobro da esperada se o planeta fosse totalmente sólido, concluíram os pesquisadores.