Observatório orbital faz primeiras imagens 3D do Sol.

Sobrepondo fotografias tiradas por duas sondas voltadas para o Sol, a Nasa reproduz o mesmo efeito óptico que gera a sensação de profundidade na visão.

Nasa
Close-up do Sol, em imagem do Stereo. O efeito 3D é criado por óculos especiais

GREENBELT, EUA - Os dois satélites do Observatório de Relações Solares-Terrestres (Stereo, na sigla em inglês) fizeram as primeiras imagens tridimensionais do Sol. A nova perspectiva aumentará a capacidade dos cientistas de compreender a física solar e, assim, prever as alterações no "clima" espacial, que afetam o campo magnético da Terra e podem prejudicar espaçonaves, comunicações e o fornecimento de energia.

"O avanço com a visão 3D do Stereo é como ir de uma radiografia normal para uma tomografia computadorizada 3D", disse o cientista Michael Kaiser, da Nasa.

As naves Stereo foram lançadas em outubro de 2006, e em janeiro deste ano completaram uma série de manobras complexas, incluindo uma passagem pela Lua, para se posicionar corretamente em suas órbitas de serviço. Os satélites estão em órbita do Sol, um deles um pouco adiante da Terra e o outro, um pouco para trás. Da mesma maneira que a separação entre os olhos de uma pessoa fornece a percepção de profundidade, a separação das naves permite que se obtenham imagens 3D do Sol.

Para obter o efeito de profundidade das imagens, é preciso usar óculos especiais, com uma lente azul e outra, vermelha. Instruções para criar os óculos com cartolina e celofane podem ser obtidas, em inglês, no  website da Nasa.

Violentas tempestades solares têm início na atmosfera do Sol, ou corona. A corona se assemelha a plumas e fiapos de fumaça, que fluem ao longo das linhas do campo magnético solar. É difícil para os cientistas, em imagens comuns, dizer quais estruturas estão à frente das demais. As imagens 3D corrigem isso.

"Com as imagens 3D da Stereo, conseguiremos distinguir onde matéria e energia fluem na atmosfera solar com muito mais precisão", disse o pesquisador Russell Howard, do Laboratório de Pesquisa Naval de Washington.

Essa percepção de profundidade ajudará a melhorar a meteorologia solar. A Nasa considera os fenômenos conhecidos como Ejeções de Massa Coronal (CME, na sigla em inglês) especialmente preocupantes. CMEs podem causar tempestades magnéticas na Terra, sobrecarregando linhas de transmissão de eletricidade, e produzir radiação perigosa para satélites e astronautas.