Astrônomos vêem onda de choque que pode gerar planetas.

Passagem de estrela mistura elementos que poderão dar origem a novos mundos.

N. Wright / University College London
A nebulosa Sharpless 2-188, distorcida pela passagem de uma estrela

PRESTON, Reino Unido - Planetas começam suas vidas de forma tênue, sob a forma de gases que flutuam no espaço desde os primórdios do Universo e poeira eliminada por estrelas mortas. Agora, astrônomos conseguiram observar como uma estrela errante mistura esses ingredientes, ao gerar redemoinhos e ondas de choque. A descoberta foi apresentada na reunião nacional da Royal Astronomical Society do Reino Unido, e descrita no serviço online ScienceNow.

A observação ajuda a confirmar um modelo de computador criado recentemente, e oferece dados que poderão aprofundar a compreensão dos processos espaciais que dão origem a planetas e, também, às moléculas necessárias para a vida.

Parte da matéria-prima vem de estrelas semelhantes ao Sol, que se expandem em gigantes vermelhas ao final de suas vidas. Suas camadas exteriores se espalham pelo espaço, carregando elementos como carbono. Num estágio mais adiantado, essas cinzas da estrela morta tornam-se visíveis sob a forma de nebulosas planetárias, bolhas de gás rico em oxigênio, carbono e nitrogênio.

Os astrônomos já sabiam que esses materiais acabavam misturados e distribuídos pelo espaço, mas ainda não estava claro como isso acontecida. Em 2006, simulações de computador realizadas pelo cientista britânico Chris Wareing e colegas sugeriu que perturbações e turbulências poderiam surgir na nebulosa, por conta da velocidade da estrela. Agora, os pesquisadores afirmam ter confirmado efeito na nebulosa Sharpless 2-188.

Essa nuvem espacial está a 850 anos-luz da Terra, na constelação de Cassiopéia. Diferentemente da maioria das nebulosas, é distorcida, em vez de esférica. Segundo a equipe de Wareing, a parte mais brilhante da nebulosa corresponde a um arco de choque no material ejetado, o resultado do deslocamento da estrela a 125 km/s.