França divulga arquivos de seus caçadores de óvnis.


Aos poucos os 1.600 casos analisados serão dispostos na internet.

Efe

PARIS - A França se transformou nesta quinta-feira, 22, no primeiro país do mundo a publicar na internet os arquivos de seu grupo de cientistas dedicados à busca de óvnis e à pesquisa de fenômenos aeroespaciais não identificados.

Os 1.600 casos analisados pelo Grupo de Estudo e de Informação sobre Fenômenos Aeroespaciais Não Identificados (Geipan, sigla em francês) serão paulatinamente publicados na rede e poderão ser consultados por qualquer um. Embora o grupo não existisse até a década de 70, o primeiro testemunho do tipo foi recolhido na França em 1937.

Como aperitivo, os aficionados e especialistas poderão ter acesso a 400 casos por meio da página do Centro Nacional de Estudos Espaciais (CNES), do qual depende o Geipan. O restante dos dados, incluindo 6 mil testemunhos e 3 mil interrogatórios, serão publicados com o tempo. No total, cerca de 100 mil páginas estarão à disposição do público.

Ali, podem ser encontradas as investigações, os dados e as provas dos casos estudados pelo grupo de cientistas que, em muitas ocasiões, teve que concluir que se tratava de fenômenos inexplicáveis.

"Não se deve esperar de nossos arquivos revelações, mas esperamos que sirvam aos cientistas, e que o fenômeno dos óvnis se transforme, finalmente, em um objeto de estudo como qualquer outro", explicou o atual responsável pelo Geipan.

Alguns casos serão paradigmáticos na história da busca de óvnis, como o avistado pelos membros da tripulação de um vôo francês.

Um objeto que descreveram como algo em forma de lentilha, com cerca de 200 a 300 metros de diâmetro foi claramente visto perto de Paris pelo piloto, o co-piloto e outro membro da tripulação de um vôo da Air France que ia de Nice a Londres, em 28 de janeiro de 1994.

Os radares do Exército francês também detectaram seu rastro, o que levou os especialistas a considerá-lo um óvni, por não encontrarem outra explicação razoável.

Também não encontraram explicação científica para o relato de um pedreiro aposentado que assegurou que, em 1981, viu pousar, perto de seu jardim, uma espécie de disco voador de cerca de 2,5 metros de diâmetro.

Quando os cientistas foram investigar o caso, encontraram provas incompreensíveis: o lugar no qual supostamente aterrissou a nave espacial apresentava restos de terra que, segundo os laboratórios consultados, tinha sido submetida a temperaturas em torno de 600°C e tinha suportado um objeto de entre 500 e 700 quilos.

Além disso, a análise dos pés de alfafa que estavam perto do lugar revelou que os vegetais sofriam um enfraquecimento no processo de fotossíntese que os botânicos só puderam explicar como conseqüência de contato com um campo elétrico intenso. Provas suficientes para qualificar o caso como inexplicável.

O trabalho do Geipan permitiu, também, dar uma explicação científica a outros casos ou descobrir superstições baratas.

Em 1979, o grupo desmascarou alguns feirantes que contaram à imprensa que um deles tinha sido seqüestrado por extraterrestres.

Seis anos depois, os cientistas encontraram uma explicação razoável para que uma bomba alemã da Segunda Guerra Mundial tivesse caído em um campo em que trabalhavam dois agricultores: os nazistas tinham escondido armas em uma restinga próxima e, com o tempo, a nitroglicerina ativou-se sozinha. Desde sua criação nos anos 1970, o Geipan não teve explicação para um em cada três casos.