Explosão no espaço desafia teoria sobre buracos negros.
Brilho remanescente da destruição de uma estrela durou por meses, o que sugere que outro objeto, não um buraco negro, deve estar no núcleo do evento.
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WASHINGTON - Observações realizadas pelo satélite Swift, da Nasa, põe em questão a teoria de que as grandes explosões de raios gama detectadas no espaço representam, sempre, o nascimento de buracos negros.
Quando o jato de energia dessas explosões atingem o gás que existe entre as estrelas, a colisão gera um "pós-brilho", ou aura, que pode emitir raios-X e outros tipos de luz por semanas. O Swift, no entanto, descobriu uma explosão cuja aura de raios-X manteve-se visível por mais 125 dias.
A explosão foi detectada em julho de 2006. O evento foi catalogado como GRB 060729, e o Swift normalmente acompanharia sua aura por uma semana ou duas, até que ela desaparecesse. Mas, nessa explosão, o pós-brilho começou tão intenso e se apagou tão devagar que o telescópio foi capaz de monitorá-lo meses a fio.
Essa sustentabilidade "requer uma injeção de energia maior do que vemos normalmente nas explosões, e pode requerer um fluxo contínuo de energia do motor central", afirma o astrônomo Dirk Grupe, principal membro de uma equipe internacional que descreverá os resultados numa edição futura do Astrophysical Journal.
Uma explicação possível é que o motor interno da explosão seja um magnetar - uma estrela de nêutrons com um campo magnético extremamente poderoso. Esse campo age como um freio, desacelerando a rotação da estrela.
A energia dessa freada pode dar origem a energia magnética que é continuamente injetada na explosão inicial. Cálculos mostram que essa energia poderia alimentar o pós-brilho observado, e mantê-lo aceso por meses.
"As pessoas vinham pensando que as explosões de raios gama são buracos negros nascendo, mas os cientistas começam a pensar em outras possibilidades", diz o principal pesquisador do Swift, Neil Gehrels.