Homem virou espécie há 4 milhões de anos, diz estudo.
Os pesquisadores aplicaram um modelo matemático ao DNA de chimpanzés, de humanos e do nosso outro parente mais próximo, o gorila, além de orangotangos.
WASHINGTON - Um novo estudo, com potencial para provocar polêmica, afirma que os chimpanzés e os humanos se separaram de um ancestral comum há apenas 4 milhões de anos - as estimativas anteriores variavam de 5 milhões a 7 milhões.
Os pesquisadores compararam o DNA de chimpanzés, de humanos e do nosso outro parente mais próximo, o gorila, além de orangotangos. Usaram um cálculo bastante conhecido, mas que não havia sido aplicado à genética, para tentar criar um "relógio molecular" que estimasse quando os humanos se diferenciaram dos demais primatas.
"Assumindo a divergência em relação aos orangotangos 18 milhões de anos atrás, o momento de especiação do humano e do chimpanzé é consistentemente em cerca de 4 milhões de anos atrás", disseram eles no estudo, publicado na revista PloS Genetics, que oferece seus artigos gratuitamente na internet. O estudo sobre humanos e chimpanzés, por exemplo, pode ser lido no endereço http://genetics.plosjournals.org/perlserv/?request=get-document&doi=10.1371/journal.pgen.0030007.
"A evolução dos primatas é um tópico central na biologia, e muita informação pode ser obtida dos dados da seqüência do DNA", disse Asger Hobolth, da Universidade do Estado da Carolina do Norte, em nota.
A teoria do relógio molecular se baseia na premissa de que todo o DNA sofre mutações no mesmo ritmo. Não se trata de um ritmo realmente estável, mas que acaba se nivelando ao longo de milênios, permitindo uma análise da evolução.
Os especialistas concordam que os humanos se separaram de seu ancestral comum com os chimpanzés há milhões de anos, e que os gorilas e orangotangos se separaram ainda mais cedo. Mas é difícil precisar quando isso ocorreu.
Hobolth e seus colegas das universidades de Aarhus (Dinamarca) e Oxford (Grã-Bretanha) examinaram quatro regiões dos genomas dos chimpanzés, dos humanos e dos gorilas.
Usaram a técnica estatística chamada modelo oculto de Markov, desenvolvida na década de 1960 e originalmente usada no reconhecimento da fala.
Os resultados contradizem diretamente parte das pesquisas recentes. Ainda em maio do ano passado, por exemplo, David Reich, pesquisador de Harvard e do MIT, encontrou sinais de que a diferenciação em relação ao antepassado teria ocorrido ao longo de 4 milhões de anos, terminando 5,4 milhões de anos atrás.