Cientistas usam nanotecnologia para gerar eletricidade.
Com eletrodos de ouro revestidos de moléculas orgânicas, pesquisadores conseguiram mostrar uma forma diferente de converter calor em energia elétrica.
BERKELEY, EUA - Pesquisadores da Universidade da Califórnia, Berkeley, conseguiram gerar eletricidade a partir de calor, ao aprisionar moléculas orgânicas entre nanopartículas de metal, um feito que poderá abrir caminho para a criação de novas fontes de energia.
A descoberta, publicada online no serviço Science Express, representa uma possibilidade de maior eficiência na conversão de calo em eletricidade - processo que, hoje em dia, depende da queima de combustíveis fósseis. Cerca de 90% da eletricidade do mundo é criada a partir da conversão de calor. No processo, boa parte do calor é perdido.
"Gerar 1 watt de eletricidade exige cerca de 3 watts de calor, e envolve jogar fora cerca de 2 watts", explica Arun Majumdar, professor de Berkeley. "Se pelo menos uma fração do calor perdido puder ser convertido em eletricidade de uma forma que compense o custo, o impacto poderá ser enorme".
A busca por uma forma de usar o calor desperdiçado como fonte de energia é um foco importante da pesquisa sobre conversores termoelétricos, que se valem de um fenômeno conhecido como efeito Seebeck, que ocorre quando uma voltagem é criada entre dois metais, mantidos a diferentes temperaturas. Até agora, porém, esses conversores operam a 7% de eficiência, comparados a 20% das usinas termoelétricas normais.
Além disso, os conversores são feitos de ligas metálicas exóticas e muito caras.
O estudo de Berkeley marca a primeira vez em que o efeito Seebeck é detectado em uma molécula orgânica, o que poderá permitir a criação de conversores mais baratos.
Os pesquisadores revestiram dois eletrodos de ouro com moléculas orgânicas e aqueceram um dos lados, para criar a diferença de temperatura. Para cada 1º C de diferença, foram detectados até 14,2 microvolts, dependendo da molécula usada.
Embora o efeito ainda seja pequeno, os pesquisadores esperam usar essa prova conceitual para descobrir materiais termoelétricos cada vez mais baratos e eficientes.