Hubble vê planeta fora do Sistema Solar perdendo atmosfera.


O gás, aquecido pela radiação de uma estrela, move-se tão rapidamente que escapa da gravidade do planeta, à taxa de 10.000 toneladas por segundo.

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Ilustração da atmosfera de HD 209458b, inflada pela radiação

WASHINGTON - O Telescópio Espacial Hubble permitiu que astrônomos estudassem, pela primeira vez, a estrutura em camadas da atmosfera de um planeta que gira ao redor de outra estrela que não o Sol. O Hubble descobriu uma camada superior densa, de gás hidrogênio aquecido, onde a atmosfera do planeta, extremamente quente, escapa para o espaço.

O planeta, HD 209458b, é diferente de todos os mundos do Sistema Solar. Ele está tão próximo de sua estrela e tem uma temperatura tão elevada que seus gases fluem para o espaço, o que faz com que o planeta pareça ter uma cauda, como um cometa. A nova pesquisa revela a camada atmosférica que dá origem a esse vazamento.

"A camada que estudamos é, de fato, uma zona de transição, onde a temperatura dispara de cerca de 800º C para cerca de 15.000º C, o que é mais quente que o Sol", explica Gilda Ballester, líder da equipe de pesquisadores. As descobertas do grupo são descritas em carta publicada na edição de 1º de fevereiro da revista Nature.

Os dados levantados pelo Hubble mostram como a radiação ultravioleta da estrela aquece o gás no alto da atmosfera, inflando-a, como um balão. O gás aquecido move-se tão rapidamente que escapa da gravidade do planeta, à taxa de 10.000 toneladas por segundo. O planeta, no entanto, não vai encolher até sumir tão cedo: sua expectativa de vida, nessas condições, é estimada em 5 bilhões de anos.