Barco de 1.300 anos lança luz sobre o passado da Terra Santa.
A bordo, foram encontrados 30 potes de cerâmica egípcios, com restos de peixe. Também acharam cordas, uma colher de madeira e azeitonas, bem conservadas.
AP
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JERUSALÉM - Um barco que singrava a costa da Terra Santa há 1.300 anos, transportando peixe, sementes e azeitonas está ajudando pesquisadores a compreender um período pouco conhecido da história da região, e sugerindo que a longa tradição de comércio marítimo não foi interrompida pela chegada de novos governantes vindos do deserto.
O barco, descoberto ao largo da cidade de Haifa, data do início do século VIII, não muito depois da ascensão do islamismo da conquista do Oriente Médio pelos árabes.
Arqueólogos marinhos, responsáveis pela divulgação do achado, afirmam que o barco - o único desse período já descoberto no Mediterrâneo - poderá ajudar os estudiosos a entender como a chegada dos árabes alterou o padrão de vida e de comércio na Terra Santa.
O barco, crêem os arqueólogos, navegava pela costa com uma tripulação de quatro ou cinco, pescando e parando nos portos pelo caminho. Em uma de suas viagens afundou - ainda não se sabe o motivo.
A embarcação, de 14 metros de comprimento, foi localizado há 10 anos, numa área que abriga cerca de 25 navios afundados de até 2.000 anos atrás. Mas a investigação sistemática desse barco em especial só começou em 2006.
Muito do barco, ainda submerso, está intacto. O toco do mastro ainda é visível. A bordo, arqueólogos encontraram 30 potes de cerâmica egípcios, com restos de peixe. Também acharam cordas, uma colher de madeira e azeitonas bem preservadas para a idade.
Segundo o responsável pela escavação, Yaacov Kahanov, da Universidade de Haifa, o achado é importante pelo bom estado do material e porque o barco data de uma época sobre a qual há pouca informação histórica.
Kahanov afirma que a descoberta sugere a existência, no passado, de algum tipo de vila na praia perto de onde o barco afundou. "Os marujos levaram o barco até lá deliberadamente, para encontrar alguém, comprar ou vender, o que quer dizer que havia algum tipo de porto por perto", disse.