Corpo adapta-se mais ao ciclo solar que ao horário oficial.
O relógio interno do corpo humano tende a seguir a hora solar, não a hora oficial, que é determinada pelo fuso ou por convenções como o horário de verão.
EFE
WASHINGTON - O "relógio interno" que regula a atividade do corpo humano adapta-se mais ao ciclo de iluminação solar do que ao "tempo social" regido pelo horário oficial, segundo um estudo a ser publicado pela revista Current Biology.
O funcionamento do organismo humano é regido pelo chamado ciclo circadiano, e as viagens que cruzam vários fusos horários causam transtornos até que o "relógio biológico" se ajuste.
Pesquisadores de universidades na Alemanha, Índia e Holanda determinaram que o ciclo circadiano ajusta-se ao horário solar, e não ao marcado pelos relógios.
O trabalho, no qual se baseia um artigo que será publicado na terça-feira, no periódico Current Biology determinou que até as pessoas que vivem nas cidades sofrem influência do ciclo solar, e há certas diferenças entre elas e as pessoas que moram em áreas rurais.
Os relógios ajustam-se de acordo com os fusos horários que cobrem diversas longitudes ao longo do planeta, de modo que a hora marcada pelos ponteiros não está estritamente vinculada ao Sol - nem sempre o meio-dia combina com a hora real em que o Sol está no ponto mais alto do céu, por exemplo.
Deste modo, freqüentemente há uma divergência entre os sinais que o organismo recebe de acordo com a luz do Sol e a hora que o relógio marca.
A magnitude desta divergência, disseram os pesquisadores, depende da estação do ano e da localização da pessoa dentro de cada fuso horário.
Os cientistas procuraram determinar a influência relativa destes dois sinais horários recebidos pelos humanos, e para isso compararam as condutas de pessoas em diferentes regiões.
A medida que usaram para avaliar as pautas de atividade humana foi o cronotipo, que se determina através de respostas a questionários que analisam a rotina de atividade e descanso, durante os dias de trabalho e o tempo livre.
Os autores compararam os cronotipos de mais de 21.000 pessoas que moram em diferentes lugares da Alemanha, divididas em dois grupos: os que viviam em áreas de até 300.000 habitantes e os que viviam em cidades com maior população.
O estudo determinou que, nos indivíduos que vivem em cidades menos povoadas, os cronotipos estavam estreitamente ajustados com a hora solar. Entre os residentes de cidades mais povoadas, mostravam uma coordenação cada vez menor com o Sol.
A vida na cidade afeta a influência da luz do Sol como marcador do tempo porque os moradores urbanos, em geral, estão menos expostos à luz natural do que as pessoas que vivem em áreas menos povoadas.