Passado e futuro estão intimamente ligados no cérebro, diz estudo.


Nossa capacidade de tecer fantasias sobre o futuro está intimamente ligada à nossa aptidão para evocar o passado e pode até mesmo depender dela, de acordo com um estudo da Universidade Washington de Saint Louis (Missouri, EUA). O estudo pode explicar aspectos pouco conhecidos da amnésia.

Essas descobertas saíram de uma pesquisa na qual foram comparadas as atividades cerebrais de voluntários que haviam evocado acontecimentos pessoais do passado, como um aniversário, e, em seguida, imaginado momentos semelhantes no futuro. A análise cerebral dos 21 estudantes que participaram da pesquisa revelou "uma surpreendente coincidência total" nas regiões cerebrais utilizadas por ambos os processos, disseram os pesquisadores.

"Nossas descobertas apóiam a idéia de que a memória e o pensamento sobre o futuro estão muito relacionados entre si e podem explicar por que o pensamento sobre o futuro pode ser impossível sem memória", disse Karl Szpunar, principal autor do estudo e doutorando em psicologia na universidade.

Esse fenômeno pode ser explicado em parte pelo fato de que os padrões de atividade vistos nessas regiões do cérebro sugerem que os contextos visual e espacial para as imagens mentais sobre o futuro são retirados de experiências do passado, especialmente no que se refere a movimentos do corpo, disseram os pesquisadores.

Além disso, nos questionários do teste, os estudantes disseram que haviam concebido suas imagens sobre o futuro em um contexto de lugares familiares (casa e colégio) e pessoas conhecidas (amigos e família), algo que pode requerer a reativação dessas imagens nas redes neurais responsáveis pelo armazenamento e recuperação de memórias autobiográficas.

A descoberta pode explicar por que as pessoas que sofrem de amnésia, condição que inclui diversos graus de perda de memória, não podem fantasiar imagens vívidas de si mesmas no futuro, embora possam conceber o futuro em sentido abstrato, disse Kathleen McDermott, co-autor do estudo e professor de psicologia da faculdade de medicina da universidade.

O estudo foi publicado na revista "Proceedings", da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.