Análise matemática complica manto de invisibilidade.
Quem estiver dentro do manto se verá envolto num espelho de 360º.
Carlos Orsi
SÃO PAULO - Em outubro deste ano, a equipe do cientista David R. Smith chegou às manchetes com a criação de um manto de invisibilidade - um sistema que, na prática, permitiu desviar microondas ao redor de um cilindro de cobre.
Se a tecnologia puder ser aperfeiçoada para também desviar luz visível - que, como as microondas, é um tipo de radiação eletromagnética - o resultado será um sistema capaz de tornar objetos invisíveis: a luz que deveria atingi-los seria forçada a fazer uma curva, como a corrente de um rio fluindo ao redor de uma pedra, e quem estivesse diante do objeto veria o que existe atrás dele.
Como físico, Smith mostrou que o manto é tecnicamente possível. Mas agora, o professor de matemática da Universidade de Rochester, Allan Greenleaf, anuncia resultados teóricos que indicam que a tecnologia da invisibilidade pode não ser tão útil assim. Ao menos, não para quem estiver pensando em usá-la para andar escondido por aí.
Aplicando equações clássicas sobre o comportamento das ondas eletromagnéticas - as chamadas equações de Maxwell - à situação criada dentro do manto de invisibilidade de Smith, Greenleaf descobriu que, embora um cilindro inerte de cobre possa se tornar invisível sem problemas, qualquer objeto que emita suas próprias ondas eletromagnéticas causa complicações graves no campo de invisibilidade: alguns resultados das equações tendem a infinito, na superfície do campo.
É difícil dizer o que isso pode significar na prática, mas é possível que esse resultado represente a destruição do efeito de invisibilidade. Fontes de radiação eletromagnética podem ser um rádio, um celular, um relógio digital, até mesmo uma lanterna.
Outro problema revelado pela matemática: uma pessoa dentro do campo de invisibilidade estaria dentro de um espelho de 360º: se acender uma lantera, por exemplo, a luz será refletida de volta.