Bolhas de ar permitem farejar sob a água, mostra estudo.
A técnica que estes animais empregam consiste em exalar grande quantidade de pequenas bolhas de ar na água, e que em seguida voltam a inalar.
EFE
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LONDRES - Alguns mamíferos são capazes de farejar debaixo d´água, graças às bolhas de ar, revela estudo publicado na revista britânica Nature.
O professor Kenneth Catania, da Universidade Vanderbilt de Nashville (Estados Unidos), descobriu que alguns animais têm essa capacidade após fazer um teste com duas espécies semi-aquáticas, a toupeira de nariz estrelado (Condylura cristata) e o musaranho aquático (Sorex palustris).
Até agora acreditava-se que, como normalmente os cheiros se propagam pelo ar, o sentido do olfato se perdia em um meio líquido.
No entanto, o experimento do professor Catania demonstra que tanto a toupeira como o musaranho são capazes de gerar bolhas de ar que transportam os cheiros dentro da água.
O acadêmico decidiu realizar o teste ao observar que uma toupeira de nariz estrelado que estava estudando produzia muitas bolhas enquanto nadava.
O experimento consistiu em comprovar se os dois mamíferos eram capazes de cheirar e identificar coisas depositadas no fundo de um tanque de água, duas delas comestíveis - vermes e pequenos peixes - e vários pedaços de cera.
Com uma câmera de alta velocidade, o professor constatou que, ao dirigir-se aos objetos, a toupeira emitia bolhas pelo nariz, que tocavam o alvo desejado antes de serem novamente inaladas pelo animal.
Para assegurar-se de que a aparente habilidade da toupeira para detectar o alimento não se devia focinho, que é muito sensível ao tato, o especialista pôs no animal uma espécie de focinheira pela qual podiam passar apenas as borbulhas.
Assim, ele demonstrou que as toupeiras podiam identificar os objetos comestíveis apenas pelo olfato, sem tocá-los.
Cinco toupeiras que participaram de um experimento com vermes conseguiram detectá-los em pelo menos 75 de cada 100 tentativas.
No caso de testes com peixes, duas toupeiras observadas identificaram o alimento em 85% das ocasiões.
Depois, a focinheira foi substituída por uma tela, pela qual não podiam passar nem sequer as bolhas de ar.
Nesse caso, os animais só chegaram à comida por acaso.
Catania também observou vários musaranhos e registrou resultados parecidos.
A técnica que estes animais empregam consiste em exalar grande quantidade de pequenas bolhas de ar que em seguida voltam a inalar, para extrair moléculas de cheiro.