Seres humanos também são capazes de farejar, mostra estudo.


Série de experiências indica que o cérebro humano compara a informação que recebe de cada narina, para determinar de qual direção o cheiro está vindo.

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Voluntário participa de experimento para rastrear chocolate pelo olfato

NOVA YORK - Uma pesquisa realizada com estudantes universitários vendados, que engatinharam pela grama para farejar um rastro de chocolate, levou cientistas a afirmar que há evidências de que o ser humano tem um apuro de olfato considerado, até pouco tempo atrás, impossível.

O estudo indica que o cérebro humano compara a informação que recebe de cada narina para determinar de onde o cheiro vem. E sugere que cães, ratos e outros mamíferos fazem a mesma coisa, o que contraria algumas teorias anteriores.

As pessoas comparam o sinal de cada ouvido para localizar um som, mas a noção dominante era de que mamíferos não são capazes de seguir a mesma estratégia com cheiros, porque as narinas estão muito perto uma da outra para registrar uma distinção de sinais.

"Derrubamos essa" idéia, afirma Noam Sobel, da Universidade da Califórnia, Berkeley, que apresentou os resultados no website da revista especializada Nature Neuroscience.

O informe na equipe de Sobel não é o primeiro a sugerir o conceito das duas narinas, mas este é o trabalho que "abrirá portas para a consideração dele", disse o neurocientista Charles Wysocki, que conheceu o estudo.

O artigo descreve cinco experimentos. Um rastreou minúsculas partículas usadas para criar neblina no teatro, a fim de mostrar que cada narina humana realmente sonda uma região diferente do espaço.

Mas a maior parte do relatório focaliza no que um grupo de estudantes de psicologia foi capaz de fazer no gramado do câmpus de Berkeley.

Uma das experiências foi criada para ver se as pessoas conseguiriam usar apenas o nariz para seguir uma trilha de nove metros de cheiro de chocolate, que serpenteava pelo gramado.

Os 32 participantes foram vendados e usaram luvas grossas, joelheiras, cotoveleiras e cobertura nos ouvidos, para garantir que o rastreamento não ocorresse por meio dos demais sentidos.

Antes de começar, os voluntários assistiram a um vídeo que mostra o método ideal de rastreamento pelo olfato - e que implica encostar o nariz no chão. "As pessoas não gostam de fazer isso", disse um dos participantes do experimento.

Dois terços dos voluntários conseguiram seguir o cheiro. Quando tentaram de novo, desta vez com o nariz tampado, o sucesso caiu a zero.

Outro experimento mostrou que a prática leva à perfeição. Um terceiro, que o rastreamento é melhor quando se usam duas narinas em vez de apenas uma.