Juíza diz ser inadmissível recurso que pede a eutanásia.
Na Itália, Piergiorgio Welby, um doente terminal que sofre de distrofia muscular e pede o direito de morrer, mobilizou parlamentares italianos, suecos e ingleses.
EFE
ROMA - A juíza italiana Angela Salvio declarou nesta sábado inadmissível o recurso apresentado por Piergiorgio Welby, um doente terminal que sofre de distrofia muscular. Ele pediu ao Tribunal Civil de Roma a interrupção do tratamento terapêutico que lhe mantém com vida.
Welby, de 60 anos, com a saúde muito deteriorada, reivindica o direito de decidir livremente sobre sua morte, com o desligamento da máquina que lhe mantém vivo, em um caso que centraliza a atenção na Itália, onde as forças políticas estão divididas e o mundo católico se opõe a seu pedido.
A juíza considerou que Welby pode pedir a interrupção da respiração com a ajuda de aparelhos com a prévia administração de sedativos, mas se trata de "um direito não tutelado concretamente no ordenamento jurídico", e por isso ela declarou inadmissível o recurso.
Welby pode recorrer da decisão da juíza, que coincide com as numerosas vigílias que foram convocadas para esta noite na Itália, assim como em Bruxelas e Londres, em uma iniciativa apoiada por 204 parlamentares italianos e europeus, segundo os dados fornecidos pelo Partido Radical.
Os parlamentares assinaram um comunicado no qual explicam que apóiam a mobilização para "homenagear um cidadão que, pagando o preço de seu sofrimento, deu uma contribuição fundamental à abertura da discussão". Welby, que vive prostrado em uma cama, disse na sexta que estava "extenuado, esgotado", e que não podia "seguir adiante", segundo o presidente do Partido Radical, Marco Panella, que falou com ele por telefone.
Em setembro, Welby enviou um vídeo-mensagem ao presidente da República, Giorgio Napolitano, no qual mostrava suas condições e pedia seu direito de decidir morrer.
Além disso, no final de novembro enviou uma carta a um de seus médicos na qual solicitou "oficialmente" que desligasse o ventilador pulmonar "usando sedação, se possível por via oral, para evitar sofrer".
O presidente da Federação Nacional do Colégio de Médicos, Amadeo Bianco, explicou que a legislação italiana não permite que um médico acolha este tipo de pedido e que se o fizesse "enfrentaria sanções penais".
Durante a concentração em Roma, o ator italiano Girgio Albertazzi lerá alguns parágrafos do livro "Deixe-me morrer", no qual o próprio Welby justifica porque deseja a eutanásia.