Mamífero voou há 130 milhões de anos, antes das aves.


Novo fóssil mostra que um animal recém-descoberto, Volaticotherium antiquus, pesava menos de meio quilo, voava de forma ágil e tinha dentes afiados.

Patricia Reaney, Reuters

LONDRES - Mamíferos semelhantes a esquilos, que conviveram com os dinossauros há pelo menos 130 milhões de anos, podem ter conquistado os céus ao mesmo tempo ou até antes que as primeiras aves, disseram cientistas na quarta-feira.

Até a descoberta do Volaticotherium antiquus ("antiga besta voadora"), imaginava-se que só 70 milhões de anos depois houve um mamífero voador.

Um fóssil da criatura, que representa um grupo até então desconhecido de mamíferos, foi achado em rochas do nordeste da China. "É o primeiro registro fóssil de um mamífero voador no Mesozóico, na era dos dinossauros", disse Jin Meng, paleontólogo do Museu de História Natural de Nova York, em entrevista.

A descoberta sugere que outros mamíferos da Era Mesozóica (248 milhões a 65 milhões de anos atrás) poderiam ser mais diversificados do que se pensava.

Meng e pesquisadores do Instituto de Paleontologia de Vertebrados e Paleoantropologia de Pequim descreveram o mamífero voador em artigo na revista Nature.

Esta é supostamente uma das descobertas mais importantes de um grupo de mamíferos desde que Richard Owen apresentou uma revisão dos mamíferos do Mesozóico, em 1871.

"Este mamífero é tão diferente do que conhecemos dos mamíferos do Mesozóico que achamos que apresenta um novo ramo dos mamíferos primitivos", disse Meng.

Até agora, achava-se que os primeiros mamíferos a voarem eram os roedores. Os morcegos desenvolveram essa capacidade há cerca de 51 milhões de anos. Mas a nova descoberta não é um ancestral direto de qualquer outro mamífero vivo.

O fóssil mostra que o animal recém-descoberto pesava menos de meio quilo, voava de forma ágil e tinha dentes afiados, que usava para comer insetos.

Os ossos das patas traseiras sugerem uma capacidade de subir em árvores, o que era essencial para a "decolagem" do bicho. Uma membrana entre os membros dianteiros e traseiros fazia as vezes de asa. Há evidências de pêlos na membrana e em outras partes do corpo. Uma longa cauda poderia servir como leme durante o vôo.

Fósseis de animais voadores são extremamente raros. Segundo Meng, o fato de esses animais serem pequenos e viverem em florestas dificulta sua preservação ao longo de milhões de anos.