Clínicas nos EUA usam embriões com mal genético a pedido de pais.


Uma pesquisa que sondou 190 clínicas de reprodução assistida nos Estados Unidos revela que 3% delas já havia selecionado embriões com defeitos genéticos, a pedido de casais, para uso em tratamentos de fertilização in vitro.

A divulgação do levantamento --que deve ser publicado na revista especializada "Fertility and Sterility"-- foi antecipada neste final de semana pelo médico Darshak Sanghavi, em artigo escrito para o jornal "The New York Times".

Segundo Sanghavi, o procedimento tem sido solicitado por casais com defeitos genéticos --sobretudo nanismo e surdez hereditária-- que pretendem recorrer a diagnóstico genético pré-implantação (PGD, na sigla em inglês). A intenção, porém, é selecionar embriões com o mesmo problema antes de levá-los ao útero.

Ter filhos com o mesmo tipo de deficiência, alegam, seria uma forma de tornar as crianças mais próximas dos pais. O estudo citado por Sanghavi, liderado pela pesquisadora Suzana Baruch, da Universidade Johns Hopkins, reflete uma tendência de casais a tratar suas anomalias genéticas mais como traços culturais do que como doenças.

Robert Stillman e Yury Verlinsky, chefes de clínicas de fertilidade entrevistados pelo "Times", afirmam que recebem pedidos como esse com uma certa freqüência, mas negaram a fazer a "seleção negativa" do embrião.
Nenhum dos médicos, porém, se opõe a encaminhar um casal que solicita o serviço a outros que o façam. Os nomes das clínicas que declararam à pesquisa ter realizado a seleção de embriões com defeitos não foram divulgados.