Simulação mostra que estrelas primordiais deveriam estar por toda parte.
Simulação mostra que estrelas primordiais deveriam estar por toda parte.
|
SANTA BARBARA, EUA - Com a ajuda de enormes simulações de computador, astrônomos conseguiram mostrar que a primeira geração de estrelas da Via-Láctea - que nunca foi observada diretamente - deveria estar distribuída de modo uniforme pela galáxia, o que aprofunda o mistério dessas estrelas ancestrais perdidas. Os resultados estão publicados na edição desta semana do Astrophysical Journal.
O problema é que, a despeito de anos de observações, nenhuma dessas estrelas jamais foi observada. "Muitos astrônomos imaginavam que isso ocorre porque as estrelas sem elementos pesados estão escondidas", explica Evan Scannapieco, principal autor do trabalho.
"Como nossa galáxia se formou de dentro para fora, a idéia era de que essas estrelas muito velhas estariam todas perto do centro. Mas o centro da Via-Láctea é muito aglomerado, com poeira e estrelas jovens, o que torna difícil detectar estrelas individuais".
Oxigênio, carbono e a maioria dos elementos que compõem os materiais existentes na Terra foram feitos no interior de estrelas. "Mas esses elementos pesados ficam enterrados dentro das estrelas, até que a estrela morra e se destrua", diz o co-autor Brad K. Gibson. "Isso significa que as estrelas ainda vivas dessa primeira geração deveriam não mostrar nenhum elemento pesado".
A simulação realizada pelos pesquisadores mostrou que, embora as estrelas mais velhas realmente se aglomerem no núcleo, leva muito tempo para os elementos pesados se dispersarem e enriquecerem o gás que existe a uma distância maior. Com isso, "muitas estrelas que contém apenas elementos primordiais deveriam se formar mais tarde, pela galáxia. Deveriam estar em toda parte", afirma outro co-autor, Daisuke Kawata.
Como as estrelas da periferia da Via-Láctea são facilmente identificáveis, e não há estrelas primordiais entre elas, deve haver algum outro motivo que impediu a sobrevivência dessa geração.