Sobrevivência depende da colonização espacial, diz Hawking.


Para cientista, "mais cedo ou mais tarde, desastres como um choque de asteróide ou uma guerra nuclear podem nos destruir"; saída seria viagens interestelares.

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LONDRES - Os humanos terão de colonizar planetas em sistemas estelares longínquos caso a meta seja a sobrevivência da espécie, afirmou o renomado físico Stephen Hawking.

"A sobrevivência a longo prazo da raça humana está em risco enquanto estiver confinado a um único planeta", disse em entrevista à BBC. "Mais cedo ou mais tarde, desastres como um choque de asteróide ou uma guerra nuclear podem nos destruir. Mas quando nos espalharmos pelo espaço e estabelecermos colônias independentes, nosso futuro estará garantido."

Devido ao fato de nosso sistema solar não possuir, além da Terra, planetas com condições para abrigar vida, Hawking disse que os homens terão de viajar para outra estrela para encontrar um planeta para colonizar. Na velocidade dos foguetes impulsionados a substâncias químicas, como a Apolo, a viagem até a estrela mais próxima levaria 50 mil anos, afirmou.

Enquanto as viagens de dobra espacial - famosas na ficção científica - não surgirem, Hawking disse que utilizando propulsores de aniquilação de matéria/antimatéria, como os usados pelo capitão Kirk na série televisiva Jornada nas Estrelas, nós poderemos viajar a uma velocidade próxima à da luz.

Quando uma partícula e sua antipartícula destroem-se mutuamente, toda sua massa é convertida em energia. Alguns cientistas, entre eles Hawking, acreditam que este processo pode ser usado para mover uma espaçonave.

Prêmio

Hawking, cujos movimentos e fala foram limitados a uma cadeira de rodas e um sintetizador vocal devido ao agravamento de sua esclerose amiotrófica lateral, concedeu uma entrevista à BBC nesta quinta-feira, 30, antes de receber a Medalha Copley, mais antigo prêmio científico do mundo, por suas contribuições à física teórica e á cosmologia. Entre os cientistas que a receberam estão Charles Darwin, Albert Einstein, Louis Pasteur e Sir James Cook.

"Esta é uma medalha muito distinta", disse Hawking em um comunicado. "Ela foi dada a Darwin, Einstein e Crick. Estou honrado em estar na companhia deles." Hawking leciona matemática na Universidade de Cambridge. Seus estudos permitiram a classificação e o entendimento dos buracos negros. Ele escreveu quatro livros, incluindo os best-sellers Uma Breve História do Tempo e O Universo em uma Casca de Noz.

"Stephen Hawking contribuiu como ninguém desde Einstein para nosso entendimento da gravidade", disse o presidente da Royal Society, Lord Rees. "Essa medalha é um adequado reconhecimento de uma extraordinária carreira de pesquisador que se alonga há mais de 40 anos."

Para reconhecer os feitos de Hawking na cosmologia, o astronauta britânico Piers Sellers levou a medalha até o espaço em julho, durante uma missão à estação espacial internacional.

"Stephen Hawking é definitivamente um herói para todos nós envolvidos na exploração do cosmos", disse Sellers. "Foi uma honra para a equipe da missão STS-121 levar sua medalha ao espaço. Achamos isso particularmente apropriado, visto que Stephen dedicou sua vida em pensar sobre o grande universo."

Hawking afirmou, no final da entrevista, que quer realizar o mesmo itinerário de sua medalha. "Minha próxima meta é ir ao espaço", finalizou.