Explosão permite detectar buraco negro dentro da Via-Láctea.


Cientistas acreditam que a erupção ocorreu num sistema estelar binário, formado por uma estrela semelhante ao Sol que derrama material no buraco negro.

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Ilustração do sistema binário detectado pelo observatório Integral

PARIS - O observatório de raios-X da Agência Espacial Européia (ESA), o Integral, detectou um tipo raro de explosão de raios gama, uma vasta liberação de energia que permitiu que astrônomos determinassem a provável posição de um buraco negro dentro de nossa galáxia, a Via-Láctea.

A explosão foi captada em 17 de setembro, por uma equipe de cientistas baseada em Versoix, na Suíça.

"O centro galáctico é uma das regiões mais interessantes para astronomia de raios gama, porque há muitas fontes em potencial", diz Roland Walter, principal autor do trabalho que descreve os resultados sobre o buraco negro. Refletindo a importância da região, o integral atualmente roda o chamado Programa Chave, no qual boa parte do tempo de observação é dedicado ao centro galáctico.

Foi durante uma das primeiras observações desse programa que a explosão foi detectada. Ela continuou a ganhar brilho durante dias, antes de iniciar uma redução gradual de intensidade que se prolongou por semanas.

O modo como um evento ganha e perde brilho é chamado de "curva de luz". Comparando a curva produzida por esse evento com outras, os pesquisadores concluíram tratar-se de uma erupção produzida por um sistema binário, composto por uma estrela semelhante ao Sol e um buraco negro. Nesse tipo de sistema, a gravidade do buraco negro arranca pedaços da estrela, que derrama gás num disco que cerca o buraco negro.

De tempos em tempos, o disco torna-se instável e seu material mergulha no buraco negro, causando o tipo de explosão que o Integral captou.