Aquecimento global aumenta disseminação de doenças.


O calor ajuda na reprodução de mosquitos que transmitem males como a dengue; já há casos de malária registrados na Rússia, informa uma médica da OMS.

AP

NAIRÓBI - O aquecimento global constatado até agora parece estar deixando a população mundial mais doente, informam especialistas internacionais em saúde. "O clima afeta algumas das mais importantes doenças do mundo", afirma Diarmid Campbell-Lendrum, da Organização Mundial da Saúde (OMS). "Os impactos podem já ser significativos".

Outros especialistas, num painel da conferência anual das nações Unidas sobre mudança climática, a COP-12, que se realiza em Nairóbi, citaram o recrudescimento recente de doenças como malária e dengue em países como o Quênia, a China e, até, na Europa.

"A mudança climática poderá esmagar os serviços de saúde pública", disse Kristie L. Ebi, consultora da OMS.

Os especialistas apresentaram suas descobertas mais recentes nos dias finais da conferência, que se encerra no dia 18, e que agora se dedica às questões técnicas relativas à efetivação do Protocolo de Kyoto, além de buscar os rumos para depois de 2012, quando o acordo, firmado no Japão em 1997, expira.

Além de confundir as zonas climáticas do mundo, uma elevação continuada da temperatura da Terra - fenômeno provocado, ao menos em parte, pela atividade industrial humana - "ampliará as ameaças à saúde, particularmente nas populações de baixa renda, predominantemente nos países tropicais e subtropicais", afirma uma rede de cientistas especializados em clima, mantida pela ONU.

Esses problemas emergem em partes do mundo que contribuem pouco para o aquecimento global, destaca Campbell-Lendrum. "É uma questão global e uma questão de justiça global", afirmou o cientista.

No Quênia, onde as temperaturas têm subido junto com a média global, epidemias de malária começam a ocorrer em áreas de terreno elevado, onde o clima mais frio vinha, historicamente, mantendo a população do mosquito transmissor da moléstia sob controle, disse Solomon M. Nzioka, consultor do Ministério da Saúde queniano.

Pesquisas mostram que mesmo uma elevação aparentemente insignificante da temperatura pode decuplicar a população do mosquito, afirma ele.

A médica Bettina Menne, da OMS, afirma que já há casos de malária registrados na Rússia.