Mudança climática aproxima-se do pior cenário, diz cientista.


O físico alemão Stefan Rahmstorf apresentou suas conclusões na reunião internacional sobre o efeito estufa promovida pelas Nações Unidas, no Quênia.

EFE

NAIRÓBI - Os efeitos do aquecimento global nos oceanos já se aproximam do pior cenário imaginado por cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o que inclui o aumento do nível do mar, furacões devastadores e a destruição dos corais, segundo relatório apresentado nesta quinta-feira, 9.

"A tendência atual, comprovada por imagens feitas por satélite, mostra que o nível do mar sobe três centímetros por década, o que se aproxima do pior cenário entre todos os previstos pelo IPCC", disse Stefan Rahmstorf, professor de física dos oceanos e membro do Conselho Assessor Alemão sobre Clima Global, ligado ao governo da Alemanha.

Na apresentação do relatório "Os futuros oceanos" na Convenção sobre Mudança Climática realizada em Nairóbi, capital do Quênia, o físico alemão destacou que "entre 1900 e 2000, o nível do mar cresceu vinte centímetros, e o IPCC, em seu relatório de 2001, apontou que até 2100 ele ainda pode ter um aumento de entre 9 e 88 centímetros".

Segundo Rahmstorf, o aumento do nível do mar, derivado do derretimento das geleiras, entre outros fatores, é uma das conseqüências mais graves que a humanidade pode sofrer com as mudanças climáticas. Partes de Nova York, Holanda, Bangladesh e milhares de pequenas ilhas podem ficar submersas.

"A atividade humana está desencadeando nos oceanos mudanças sem precedentes em vários milhões de anos" e essas alterações "já podem ser medidas", destacou o cientista.

A temperatura da superfície do mar está crescendo quase no mesmo ritmo em que a do ar e, entre 1974 e 2005, já foi constatada uma redução da quantidade de gelo no Ártico de 20%.

"Em meados deste século já poderemos ter um Oceano Ártico sem gelo durante o verão", afirmou Rahmstorf.

Segundo o relatório, os recifes de corais tropicais, ecossistemas marinhos de maior biodiversidade, estão seriamente ameaçados pela mudança climática e é possível que a maioria deles seja destruída nos próximos cinqüenta anos.

Além disso, a dissolução de dióxido de carbono na água contribui para que ela se torne mais ácida, o que pode ter "profundos efeitos" nos organismos marinhos.

Embora não esteja comprovado que a mudança climática aumenta o número de furacões, há evidência que as alterações no clima podem aumentar a força destrutiva desses fenômenos.