Descoberto ´acelerador de partículas´ de 6 milhões de anos-luz.
A causa mais provável do fenômeno são ondas de choque formadas com a colisão das nuvens de gás arrastadas pela gravidade de galáxias.
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WASHINGTON - Os cientistas entusiasmados com o poder do Grande Colisor de Hádrons (LHC), um acelerador de partículas que produzirá energias fantásticas para o estudo da estrutura da matéria e, até, da origem do Universo, poderão se sentir intimidados com a descoberta feita por astrônomos num distante aglomerado de galáxias: uma equipe internacional, utilizando o radiotelescópio VLA, no Novo México (EUA), encontrou estruturas magnéticas gigantes que impulsionam elétrons com milhões de vezes mais energia do que o LHC será capaz de gerar.
O achado, descrito na edição desta sexta-feira da revista Science, ajuda a compreender o processo de formação de aglomerados de galáxias, e talvez venha a resolver o mistério da origem dos raios cósmicos de alta energia.
Do mesmo modo que planetas e estrelas nascem como nuvens soltas de gás e poeira, galáxias também se condensam a partir de aglomerações muito maiores. Conforme as galáxias se deslocam pelo espaço, a enorme gravidade desses objetos arrasta as nuvens ao redor. Quando galáxias colidem ou se acumulam em aglomerados, podem comprimir e aquecer as nuvens ao redor com uma energia surpreendente.
A equipe de pesquisadores informa ter descoberto "fragmentos de anel" feitos de gigantescos fluxos de partículas carregadas, com cerca de 6 milhões de anos-luz de extensão, ao redor do aglomerado Abell 3376, a mais de 600 milhões de anos-luz de distância da Terra.
De acordo com o líder do grupo de cientistas, Joydeep Bagchi, os elétrons e outras partículas correm dentro dos anéis e se comportam como se estivessem num gigantesco acelerador linear. Isso sugere uma enorme fonte de energia, capaz de criar os raios cósmicos de alta energia, partículas extremamente potentes já detectadas na Terra e cuja existência intriga os cientistas.
A causa mais provável do fenômeno são ondas de choque formadas com a colisão das nuvens de gás que acompanham as galáxias.