Corrupção.

Dia desses um garoto chegou em casa e perguntou à mãe quanto ela lhe pagaria se ele tirasse nota dez na prova.

A proposta surpreendeu a genitora, acostumada a educar os filhos com lucidez e bom senso.

"Por que eu deveria lhe pagar por isso, meu filho?" Perguntou com tranqüilidade.

"Ora, mãe, o pai do meu amigo vai pagar cem reais se ele tirar um dez na prova de inglês."

"E você acha isso correto, filho?"

"Ah, eu acho que cem reais dá para comprar uma porção de coisas...," respondeu o menino, entusiasmado.

A sábia educadora aproveitou o momento para um diálogo esclarecedor com o filho amado.

"Filho, você acha correto o que esse pai está fazendo, pagando para o filho fazer o que é apenas a sua obrigação?"

O garoto respondeu que não sabia se era certo ou não, e a mãe continuou:

"Você já ouviu falar em corrupção?"

"Sim", disse o menino.

"E você acha direito uma pessoa cobrar para fazer a sua obrigação?"

"Não, eu não acho."

"Estudar é sua obrigação, não é filho?"

"Sim, é minha obrigação."

"Pois bem, seu pai e eu fazemos a nossa parte, que é lhe dar oportunidade de aprender para que seja um homem instruído e possa ser útil à sociedade da qual faz parte.

Mas não desejamos que seja apenas instruído.

Queremos, acima de tudo, que seja um homem de bem, um homem moralizado, um homem digno e justo.

É por isso que você nunca irá receber dos seus pais qualquer compensação para fazer a sua parte."

O garoto concordou com a mãe, mas, ainda interessado no assunto questionou:

"Quer dizer que isso é corrupção, mãe?"

"Sim. Pagar alguém para fazer ou deixar de fazer a sua obrigação é corrupção.

Existem funcionários que recebem um salário para fazer o seu trabalho mas costumam pedir um valor a mais, uma ´gratificação´ para ´agilizar´ o processo.

Isso significa que estão prejudicando aqueles que não têm dinheiro para pagar esse ´favor´ ou que não compactuam com essa prática."

Talvez para deixar o ensinamento mais claro para o filho, a mãe continua:

"E a corrupção não está relacionada exclusivamente com o dinheiro, filho. Quando um juiz, por exemplo, que julga uma causa e favorece um amigo ou outro interesse qualquer, sem considerar a verdadeira justiça, está se corrompendo e corrompendo o sistema. Qualquer pessoa, enfim, que age em desacordo com sua própria consciência, é corruptora dos bons costumes."

Se o garoto entendeu tudo não se sabe, mas abandonou a idéia de receber um pagamento para tirar boas notas e foi estudar para a prova que iria fazer no dia seguinte.