Missão da Nasa vai fazer filme 3D do Sol.

Representação da nave Stereo
A missão Stereo vai estudar as grandes erupções do Sol
A Nasa vai lançar nesta quarta-feira duas espaçonaves para fazer as primeiras imagens em 3D do Sol, em uma missão que vai durar dois anos.

Batizada de Stereo, a missão - que deverá partir entre 20h38 e 20h53 (entre 21h38 e 21h53 em Brasília) - vai estudar as enormes erupções da estrela, conhecidas como ejeções de massa coronal (CMEs, na sigla em inglês).

Estas nuvens colossais de partículas energéticas podem "fritar" os componentes eletrônicos de satélites na órbita da Terra e interromper a distribuição na rede elétrica do planeta.

A missão Stereo deve melhorar a habilidade dos pesquisadores de prever os piores aspectos deste "clima espacial".

"A ejeção de massa coronal é a principal força da física solar atualmente", disse Mike Kaiser, cientista do projeto Stereo no Centro Espacial Goddard da Agência Espacial Americana (Nasa).

"Com a (missão) Stereo queremos entender como as CMEs começam e como elas se movem pelo Sistema Solar", afirmou.

A missão compreende duas espaçonaves que serão lançadas em um foguete Delta-2 do Cabo Canaveral, na Flórida. A janela de lançamento se abrirá na quinta-feira.

Plasma

Ejeções de massa coronal ocorrem quando "alças" de material solar, levantando-se do Sol, de repente estalam, lançando plasma em altíssimas temperaturas (centenas de milhares de graus) no espaço.

O plasma é formado de elétrons e íons de hidrogênio e hélio. Uma CME típica é formada por bilhões de toneladas de matéria e se move para longe do Sol a uma velocidade de 400 quilômetros por segundo.

Na maior parte do tempo estas explosões são dirigidas para longe da Terra mas, inevitavelmente, algumas entram no caminho de nosso planeta.

Quando isto ocorre as partículas e os campos magnéticos que elas carregam podem gerar efeitos indesejáveis.

"Quando uma grande tempestade começa e as condições são certas, você pode observar perturbações em redes de energia; e em espaçonaves - elas são suscetíveis a elétrons de alta energia e a prótons", disse Kaiser.

"Estas partículas são perigosas para astronautas; e mesmo companhias aéreas que fazem as rotas polares estão preocupadas com isto pois as CMEs podem apagar sistemas de comunicação dos aviões, além de aumentar as doses de radiação na tripulação e passageiros."

"Se soubermos quando estas tempestades vão ocorrer poderemos tomar medidas preventivas", acrescentou.

Ponto de vista

Os observatórios solares atuais, pelo fato de estarem diretamente dirigidos ao Sol, têm muita dificuldade para determinar a direção exata de uma CME.

Colocando duas espaçonaves em órbita para observar o sistema Sol-Terra de duas locações distantes uma da outra, os cientistas vão poder observar as tempestades de lado - para descobrir rapidamente se uma nuvem de plasma vai atingir nosso planeta.

"Não é a instrumentação (da Stereo) que é um avanço em termos de resolução, mas ela verá o Sol em toda a sua glória 3D pela primeira vez - vindo da superfície de nossa estrela para a Terra. Será espetacular", disse a cientista do programa Stereo Lika Guhathakurta.

A missão Stereo vai enviar dados diretamente para a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (Noaa, na sigla em inglês), a agência que faz as previsões do clima espacial usadas no mundo todo por satélites e operadores aéreos.

A nova informação deverá aumentar o período de antecedência - de algumas horas para alguns dias - das previsões.

Com a crescente dependência de espaçonaves em órbita - para comunicações e navegação - a missão Stereo chega na hora certa.

O campo magnético da Terra dá ao planeta e seus habitantes uma boa proteção, mas com as agências espaciais visando enviar astronautas à Lua e até mesmo a Marte nas próximas décadas, há uma crescente necessidade para maior entendimento da atividade do Sol.