Insetos impulsionam evolução das plantas.


O que os cientistas encontraram foi um caso clássico de seleção natural.

WASHINGTON - Por mais variadas que sejam, todas as flores se encaixam em um de dois formatos básicos: as de simetria radial, como a margarida, ou as de simetria bilateral, como a orquídea. Estudos mostram que o modelo radial é o mais antigo, o que deixa a questão de por que o modo bilateral surgiu e perdura. Agora, cientistas viram a evolução de uma flor em andamento, e concluíram que a simetria bilateral existe porque os insetos gostam dela.

A equipe de pesquisadores, liderada por José Gómez, da Universidade de Granada, na Espanha, estudou 300 plantas de Erysimum mediohispanicum, que cresce no sudeste da Espanha. Dona de uma característica incomum, a planta produz tanto flores radiais quanto bilaterais. Gómez e colegas identificaram os insetos que polinizam as flores. O visitante mais freqüente é um besouro, Meligethes Maurus. Em seguida, mediram cuidadosamente o formato das flores mais visitadas.

O que encontraram foi um caso clássico de seleção natural: não apenas as flores bilaterais recebiam mais visitas dos besouros, como as plantas com esse tipo de flor tinham mais sementes e mais descendentes.

Os insetos também parecem preferir alguns tipos de bilateralismo - por exemplo, quando a flor tem duas pétalas paralelas entre si. O estudo deixa em aberto o motivo da preferência "estética" dos besouros, embora Gómez sugira que o bilateralismo oferece melhores oportunidades de pouso para o inseto.