Astrônomos "redescobrem" supernova de quase 2.000 anos.


A idade mais nova atribuída ao remanescente de supernova RCW 86 pode explicar eventos observados no ano 185.


Imagem de RCW 86 em raios-X, com "zoom", à direita, da área destacada no retângulo

WASHINGTON - Observações realizadas pelos telescópios Chandra X-ray Observatory e XMM-Newton Observatory ajudam a confirmar que uma nuvem de gás e poeira no espaço corresponde, de fato, aos restos de uma das primeiras explosões estelares registradas por seres humanos.

O novo estudo mostra que o remanescente de supernova RCW 86 é muito mais jovem do que se imaginava originalmente. Assim, a formação do remanescente parece coincidir com a supernova observada por astrônomos chineses no ano 185. "Houve sugestões anteriores de que RCW 86 é o remanescente da supernova de 185", disse Jacco Vink, da Universidade de Utrecht, na Holanda, principal autor do estudo. "Esses novos dados de raios-X fortalecem bastante o caso".

Quando uma estrela de grande massa fica sem combustível, ela se contrai e em seguida explode, criando uma supernova que pode brilhar com mais intensidade que toda a galáxia em que se encontra. A explosão arremessa as camadas exteriores da estrela para o espaço, e produz potentes ondas de choque. O remanescente da estrela e o material que esses restos encontram são aquecidos a milhões de graus, e podem emitir raios-X por milhares de anos.

Vink e colegas estudaram os destroços em RCW 86 e estimaram quando a estrela original se destruiu. "Nossos novos cálculos dizem que o remanescente tem cerca de 2.000 anos", diz Aya Bamba, co-autor do trabalho. "Estimativas anteriores falavam em 10.000 anos".

A idade mais nova de RCW 86 pode explicar eventos observados em 185, quando astrônomos da China (e possivelmente de Roma) registraram o nascimento de uma nova estrela no céu. Os observadores também notaram que o novo corpo levou oito meses para perder o brilho, o que confere com as observações modernas de supernovas.