Bento XVI afirma que teoria da evolução é irracional.
Papa acusou parte dos cientistas de tentar mostrar aos homens que Deus é "inútil".
EFE
REGENSBURG, Alemanha - O Papa Bento XVI disse nesta terça-feira diante de milhares de pessoas em Regensburg, na Alemanha, que a teoria da evolução é irracional, que o ateísmo moderno nasce do medo de Deus e que o ódio e o fanatismo destroem a Sua imagem.
As declarações do Papa foram feitas a uma multidão calculada em 250 mil pessoas pelos organizadores do evento. Os fiéis se reuniram nos arredores de Regensburg para assistir à missa celebrada por Bento XVI, na cidade em cuja universidade ele deu aulas de Teologia. O Papa acusou parte dos cientistas de se empenhar em demonstrar que Deus é "inútil" para o homem.
Bento XVI falou sobre o significado da fé e, após afirmar que o Credo "não é um compêndio de sentença, nem uma teoria", perguntou se é possível ter fé nos dias atuais e se isso é uma coisa "racional".
"Desde o Iluminismo, pelo menos uma parte da ciência se empenha com tenacidade em buscar uma explicação do mundo na qual Deus seja algo supérfluo. Assim, seria algo inútil para nossa vida. Mas a cada vez que chegam a essa conclusão, a realidade se mostra evidente. Sem Deus, as contas não fecham para o homem, para o mundo e o universo", afirmou.
Sobre a origem das coisas, Joseph Ratzinger disse que existem apenas duas respostas: ou a "Razão criadora, o Espírito que faz tudo e fomenta o desenvolvimento" ou a "irracionalidade, que sem razão alguma, produz um cosmos ordenado de maneira matemática, ao homem e à razão".
A última hipótese, segundo o Papa, seria apenas um resultado casual da evolução, "no fundo, uma coisa irracional". O Pontífice ressaltou que os cristãos consideram que a origem está em Deus e na razão, e não na irracionalidade.
A autoridade máxima da Igreja Católica disse que o ódio e o fanatismo destroem a imagem de Deus e que o ateísmo moderno nasce do medo de Deus, que é bondade e amor.
Bento XVI afirmou que apenas Deus salva o homem do medo do mundo e da ânsia diante do vazio da própria existência, garantindo que a fé não tem o objetivo de apavorar o homem, mas sim de chamá-lo a sua responsabilidade.
"Não queremos que se faça justiça para todos os condenados injustamente, para os que sofreram durante toda a vida e foram levados pela morte, não desejamos que o excesso de injustiça e de sofrimento que vemos desapareçam no final, que todos no final sejam felizes e que tudo tenha sentido? Isso é o que se entende como o conceito do Julgamento", afirmou.
Ratzinger incentivou os homens a não "desperdiçarem" suas vidas nem "abusarem" dela, a compartilhá-la e a não permanecer indiferentes diante das injustiças, "sendo coniventes ou cúmplices".
Segundo o Papa, o homem tem que entender sua missão na história e responder a ela. "Sem medo, mas com responsabilidade e preocupação pela nossa salvação e pela de todo o mundo", advertiu o Papa, reiterando que, quando essa responsabilidade e preocupação se transformam em medo, os homens devem saber que "temos perante Deus um advogado que é Jesus Cristo".
Ainda nesta terça-feira, o Papa vai visitar a Universidade de Regensburg, de onde foi vice-reitor. Depois de lecionar Teologia na Escola Superior de Filosofia e Teologia de Freising, Ratzinger continuou sua docência em Bonn, Münster e Tübingen.
Ratzinger assumiu a cátedra de Dogmática e História do Dogma de 1969 a 1971 na universidade onde vai se encontrar com representantes da comunidade científica, diante dos quais pronunciará um discurso que vem sendo esperado com expectativa.
Depois, Bento XVI fará um encontro ecumênico na catedral com representantes das igrejas luteranas e ortodoxas presentes em Regensburg, onde vive seu irmão, Georg, de 82 anos, e onde estão enterrados seus pais e sua irmã.