Paciente em estado vegetativo pode se comunicar, diz estudo.

	O cérebro saudável (esq.) mostrou a mesma atividade que o cérebro do paciente

Uma equipe de cientistas britânicos e belgas estudou o caso de uma mulher de 23 anos que tinha sofrido um grave trauma cerebral em um acidente de carro e, aparentemente, estava incapaz de se comunicar.

Com o mapeamento do seu cérebro os pesquisadores descobriram que a paciente conseguia entender comandos verbais e até mesmo imaginar um jogo de tênis.

Os cientistas afirmaram que suas descobertas, publicadas na revista Science, são "impressionantes", mas afirmaram que este pode ser um caso único.

Atividade cerebral

Cinco meses depois do acidente, que aconteceu em julho de 2005, os pesquisadores usaram imagens de exame de ressonância magnética funcional para registrar a atividade cerebral da paciente.

A paciente foi diagnosticada em estado vegetativo, o que significa que, mesmo se estivesse acordada, ela não apresentava reação.

Enquanto seu cérebro estava sendo mapeado, os pesquisadores pediram que a paciente imaginasse tarefas simples, como caminhar pela própria casa e jogar tênis.

"As tarefas que escolhemos são baseadas em muitos anos de de pesquisa em mapeamento cerebral que mostram áreas diferentes do cérebro ativadas de acordo com as tarefas diferentes que realizamos", disse Adrian Owen, um dos chefes da pesquisa e neurocientista da Unidade de Ciências Cerebrais de Cambridge.

Quando os cientistas compararam a atividade cerebral da paciente com a atividade cerebral de pessoas saudáveis, a quem foram feitos os mesmos pedidos, eles descobriram que os padrões eram "indistinguíveis".

"São resultados impressionantes. Nos mostram que a paciente pode entender fala pois, é claro, pedimos a ela que fizesse estas coisas. Também nos mostra que a paciente é capaz de realizar tarefas mentais simples como imaginar certas situações", disse Owen.

"Vemos isto como uma prova de um princípio: encontramos uma forma de mostrar que um paciente está consciente quando os métodos clínicos existentes não conseguiram fornecer esta informação."

Mas o cientista afirmou que este foi um único caso e as pessoas não devem pensar que todos os pacientes em estado vegetativo estão cientes do que os cerca.

"Todos os pacientes vegetativos são diferentes: eles apresentam danos em partes diferentes de seus cérebros e suas chances de recuperação são diferentes", afirmou Owen.

Polêmica

A descoberta de que pacientes em estado vegetativo podem de certa forma estar conscientes do que os cerca vai alimentar discussões éticas e legais.

Em 2005, nos Estados Unidos, uma questão dividiu o país: se a paciente em estado vegetativo Terry Schiavo deveria ser mantida viva ou não.

Depois de uma decisão da Justiça o tubo de alimentação foi removido no dia 31 de março e ela morreu 13 dias depois.

Kate Bainbridge, que foi inicialmente diagnosticada como uma paciente em estado vegetativo mas que se recuperou e pode se comunicar com a ajuda de um teclado, disse que o trabalho de mapeamento é muito importante. Ela participou de algumas experiências da mesma equipe de médicos.

"Posso me lembrar quando não conseguia responder e foi muito assustador", disse.