Cientista faz experiência para testar telepatia por e-mail.
O tamanho pequeno da amostra e a possibilidade de fraude fazem com que o resultado seja visto com grande ceticismo.
Carlos Orsi
SÃO PAULO - O biólogo britânico Rupert Sheldrake diz ter realizado experimentos que mostram que a sensação de que alguém vai lhe telefonar ou enviar um e-mail (e que leva ao conhecido comentário "estava pensando em você agora mesmo!") pode não ser, afinal de contas, mera coincidência: em um trabalho realizado com 50 voluntários, Sheldrake afirma ter conseguido um índice de adivinhações corretas bem superior ao que seria de se esperar pelo acaso.
O estudo foi realizado da seguinte maneira: cada voluntário citou quatro amigos ou parentes (no caso dos que não chegaram a citar quatro, desconhecidos foram usados). Pesquisadores então marcaram um horário no qual um dos quatro deveria enviar um e-mail para um voluntário. Um minuto antes da hora marcada, o voluntário deveria mandar uma mensagem aos cientistas prevendo quem seria o autor do e-mail.
A escolha entre os quatro possíveis remetentes era feita num lance de dado. O "ganhador" do lance era informado do fato pelos pesquisadores alguns minutos antes da hora marcada.
Segundo artigo assinado por Sheldrake e Pamela Smart, o total de acertos, numa seqüência de dez testes com cada voluntário, chegou a 45%, bem acima dos 25% que seriam esperados se o efeito se devesse apenas ao acaso.
O tamanho pequeno da amostra (apenas 50 voluntários) e a possibilidade de fraude - nada teria impedido o amigo selecionado no lance de dados de, por exemplo, telefonar para o colega antes de mandar o e-mail - fazem com que o resultado seja visto com grande ceticismo.
Dos mais de 500 testes - alguns voluntários abandonaram o programa e foram substituídos, enquanto outros realizaram mais de uma bateria de 10 tentativas -, apenas cinco foram filmados, e em seu artigo Sheldrake e Smart reconhecem que nem mesmo a filmagem poderia ter impedido trapaça: o voluntário poderia ter um cúmplice fora do campo de visão da câmera, por exemplo.
Segundo a agência de notícias Reuters, Sheldrake pretende levar a pesquisa adiante, agora com telefones móveis e mensagens de texto, do tipo "torpedo".