Aumenta risco de desastres naturais na AL, diz relatório.

 
Olho de um furacão
O clima na região estaria tornando-se cada vez mais severo
A América Latina e o Caribe correm um risco maior do que no passado de ser atingidos por desastres naturais por causa dos danos causados ao meio ambiente e das mudanças climáticas, segundo um relatório publicado nesta terça-feira por um grupo de organizações de proteção ambiental e desenvolvimento da Grã-Bretanha.

Segundo o relatório Up in Smoke? Latin America and the Caribbean (Em meio a Fumaça? América Latina e o Caribe, em tradução livre), o clima na região tem se tornado cada vez menos previsível e muitas vezes mais severo.

O documento lembra que até há pouco tempo, apenas dois ciclones tropicais tinham sido registrados no sul do Oceano Atlântico, e nenhum furacão.

"Porém, no dia 28 de março de 2004, a costa sul do Brasil foi atingida pelo seu primeiro furacão, o Catarina. Isto ocorreu um ano antes de o furacão de nome parecido, o Katrina, inundar Nova Orleans, porém, diferentemente do Katrina, o Catarina passou quase que despercebido pela imprensa mundial", diz o relatório.

Aquecimento global

O furacão Catarina iniciou as discussões sobre uma possível relação destes eventos com as mudanças climáticas mais permanentes.

"Apesar da incerteza científica em casos individuais, existe um grande consenso de que o aquecimento global provavelmente aumenta a intensidade dos furacões", afirma o texto.

A temporada de furacões de 2005 no Atlântico registrou 26 tempestades tropicais, das quais 15 viraram furacões. O mais devastador foi o furacão Katrina, que matou mais de mil pessoas quando atingiu a costa do Golfo do México.

A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos tinha previsto a ocorrência de até nove furacões no ano passado.

Para a temporada de 2006, a previsão é de 12 a 15 tempestades, sendo que quatro poderiam virar "tempestades maiores".

Amazônia

O relatório ressaltou a importância das florestas brasileiras na influência do clima, tanto da região como do mundo.

"Uma quantidade substancial das emissões de carbono deriva do desflorestamento e a Amazônia brasileira é uma fonte fundamental. O Friends of the Earth (Amigos da Terra) do Brasil diz que ele é responsável por três quartos do total de emissões e que o uso indevido de florestas é suficiente para fazer do Brasil o quarto maior poluidor de carbono do mundo", afirma o relatório.

O documento lembra que um decreto presidencial aprovado em fevereiro de 2006 garantiu mais proteção a uma parte da Amazônia, mas ressalta que esta área representa menos de 2% do total da Amazônia brasileira.

Economia

O relatório também alertou para os impactos econômicos do aumento da incidência de furacões e outros desastres naturais na América Latina e no Caribe.

De acordo com o autor do relatório, Andrew Simms, da New Economics Foundation, as descobertas revelam como as mudanças climáticas estão tendo um impacto nos esforços globais para erradicar a pobreza.

"A região teve de lidar com variações climáticas durante séculos. Ela tem desenvolvido formas resilientes de agricultura, baseadas em altos níveis de diversidade de safras, que são adotadas para crescer em uma extensa série de microclimas", afirmou Simms.
"O perigo que parece ameaçar as pessoas da região agora é que estas condições podem tornar-se mais permanentes e mais severas."