Astrônomos encontram pulso inesperado em estrela.
Descoberta estabelece uma ligação entre um tipo ainda misterioso de estrela, os magnetares, e uma modalidade mais comum, os pulsares
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WASHINGTON - Pesquisadores usando o telescópio Parkes, no leste da Austrália, detectaram uma pulsação de ondas de rádio vinda de uma estrela que não deveria tê-la. A equipe, formada por americanos e australianos, descobriu um magnetar - um tipo de estrela que apresenta os mais fortes campos magnéticos conhecidos no Universo - que emite poderosos pulsos de rádio, numa aparente conexão com outro tipo de astro, os pulsares de rádio.
A descoberta será publicada na edição desta semana da revista Nature, e está sendo apresentada durante a assembléia da União Astronômica internacional (IAU), que se realiza em Praga. "Tínhamos a esperança de achar um pulso de rádio, se tivéssemos sorte", disse o cientista John Sarkissian. "Mas ficamos surpresos com a força que encontramos".
Outro pesquisador envolvido na descoberta, John Reynolds, afirma que a potência dos pulsos põe a estrela numa categoria própria. "O pulsar era tão forte que podíamos ver e ouvir pulsos individuais de emissão na freqüência em que os descobrimos, o que é raro", disse. "Mas ficamos abismados de ver que, conforme sintonizávamos freqüências cada vez mais altas, os pulsos individuais continuavam vindo e vindo".
O objeto em questão é uma estrela de nêutrons, extremamente densa, chamada XTE J1810-197. Fica a 10.000 anos-luz, na constelação de Sagitário. As observações realizadas na Austrália detectaram os pulsos a cada rotação da estrela, ou 5,54 segundos.
XTE J1810-197 foi descoberto em 2003 por emitir raios-X, e classificado na categoria de "´pulsar anômalo de raios-X", ou AXP: uma estrela de nêutrons que gira e emite um pulos variável de radiação. Depois de anos de debate, concluiu-se que os AXPs são magnetares, estrelas de nêutron jovens com campos magnéticos de altíssima intensidade. Os pulares de rádio, em comparação, são muito mais comuns, e com campos magnéticos muito mais fracos que os dos magnetares.
Segundo um cientista envolvido no projeto, a descoberta de um magnetar que emite pulsos de rádio ajuda a estabelecer uma ligação entre magnetares e pulsares, e a "pôr ordem no zoológico das estrelas de nêutron".