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Mar de Aral, entre o Uzbequistão e o Cazaquistão, continua encolhendo |
A alarmante extensão da escassez de água no mundo foi detalhada em um mapa elaborado por uma empresa de consultoria e gerenciamento de recursos hídricos.
O mapa e o relatório elaborados pelo International Water Managment Institute (Instituto Internacional de Gerenciamento de Água, IWMI, na sigla em inglês) foram apresentados na Semana Mundial de Água em Estocolmo, na Suécia, que começou no domingo e vai até o dia 26 de agosto.
O relatório Avaliação Compreensiva do Gerenciamento de Água em Agricultura do IWMI afirma que um terço da população mundial sofre com algum tipo de escassez de água.
Segundo o relatório e o mapa existem dois tipos de escassez de água. A escassez econômica ocorre devido à falta de investimento e é caracterizada por pouca infraestrutura e distribuição desigual de água.
A escassez física ocorre quando os recursos hídricos não conseguem atender à demanda da população. Regiões áridas são as mais associadas com a escassez física de água.
Escassez artificial
O IWMI afirma que há uma tendência alarmante na criação artificial de escassez de água, mesmo em áreas onde a água é aparentemente abundante.
Isto ocorre principalmente devido ao uso exagerado do recurso. A agricultura usa 70 vezes mais água para produzir alimentos do que as residências, incluindo a água usada para cozinhar, beber, lavar e banhos.
Os resultados deste consumo são rios secos e poluídos, declínio nos níveis de águas subterrâneas e problemas de distribuição, que geram problemas como um grupo de pessoas tendo acesso mais fácil à água do que outro.
Catástrofe ambiental
O Egito importa mais da metade de seus alimentos pois não tem a água necessária para sua produção local.
E o Mar de Aral, entre o Uzbequistão e o Cazaquistão, continua sendo um dos exemplos mais visíveis em que desvios enormes de água para a agricultura causaram escassez, segundo o relatório, além de uma catástrofe ambiental.
"É possível reduzir a escassez de água, alimentar as pessoas e cuidar da questão da pobreza. Mas a questão mais importante é a ambiental. O povo e seus governos terão que tomar decisões sobre como gerenciar a água", disse o pesquisador David Molden, do IWMI, que liderou a avaliação.
O diretor-geral do instituto, Frank Rijsberman, disse à BBC que 25% da população mundial vive em bacias hidrográficas onde há escassez física de água. Um bilhão de pessoas vivem em bacias hidrográficas onde a água é economicamente escassa.
Demanda crescente
A avaliação afirma que a urbanização e o crescimento econômico significam que a demanda per capita por alimentos vai aumentar, além da demanda por alimentação mais rica e variada.
A produção de leite, carne, açúcar, óleos e vegetais exige mais água que a produção de cereais além de um gerenciamento diferente dos recursos hídricos.
O total de água usada na produção agrícola a cada ano pode subir dos 7,2 mil quilômetros cúbicos para 13,5 mil quilômetros cúbicos até 2050.
Segundo David Molden destinar mais água para agricultura e expandir a área total de cultivo e criação, para responder ao crescimento na demanda por alimentos, pode significar um preço alto demais para o ambiente.
O relatório pede que agricultores cultivem mais alimentos sem pressionar ainda mais o ambiente.
- Pouca ou nenhuma escassez de água: Recursos hídricos abundantes relativos ao uso. Menos de 25% da água de rios é retirada para uso humano.
- Escassez econômica de água: Recursos hídricos são abundantes em relação ao uso de água, com menos de 25% da água dos rios retirada para uso humano, mas a subnutrição existe. As áreas poderiam ser beneficiadas pelo desenvolvimento de fontes adicionais de água tratada, mas há falta de recursos.
- Escassez física de água: Mais de 75% do fluxo dos rios destinados a agricultura, indústria ou uso doméstico (contando com reciclagem de fluxos).
- Próximo da escassez física de água: Mais de 60% do fluxo dos rios destinados a alguma atividade. Essas bacias hidrográfricas devem enfrentar escassez física de água no futuro próximo.
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