Cientista da Nasa explica as "aranhas" de Marte.
As machas escuras, geralmente com tamanho de 15 a 46 metros e separadas por centenas de metros, aparecem na primavera meridional marciana.
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LOS ANGELES, EUA - A primavera é uma época violenta para o Pólo Sul de Marte, de acordo com a interpretação, feita por cientistas, de dados obtidos pela sonda Mars Odyssey. De acordo com a análise, jatos de gás carbônico irrompem da calota polar, jogando areia e pó para o alto. Esse fenômeno seria o responsável pelos pontos escuros que aparecem no gelo e que vinham intrigando pesquisadores. A nova hipótese explica os pontos como sendo as marcas deixadas pela areia que cai de volta no gelo, após o final de cada erupção.
"Se você estivesse lá, estaria pisando numa laje de dióxido de carbono congelado", diz Phil Christensen, principal cientista a analisar os dados da câmera da Odyssey. "Ao seu redor, jatos de gás, rugindo, estão jogando areia e pó a algumas dezenas de metros no ar". Além disso, "o gelo no qual você está pisando levita sobre o chão, por conta da pressão do gás na base".
A equipe de Christensen iniciou a pesquisa na tentativa de explicar as manches escuras, marcas em forma de leque e outras figuras, apelidadas de "aranhas", que aparecem em imagens da Odyssey e de outra sonda, a Mars Global Surveyor.
As machas escuras, geralmente com tamanho de 15 a 46 metros e separadas por centenas de metros, aparecem na primavera meridional marciana, quando o Sol se eleva sobre a calota polar. Elas duram vários meses e depois somem, reaparecendo no ano seguinte, depois de o frio do inverno ter depositado uma camada fresca de gelo sobre a calota.
Uma teoria anterior propunha que as manchas eram pedaços de solo, expostos pelo desaparecimento do gelo. Mas a câmera infravermelha da Odyssey revelou que as manchas têm praticamente a mesma temperatura que o gelo ao redor, o que leva a crer que não passam de sujeira depositava sobre o gelo - e resfriada por ele.
"A chave para entender as aranhas e manchas é pensar num modelo físico para o que estava ocorrendo", disse Christensen.
O processo começa no inverno polar, quando não há luz do Sol e o dióxido de carbono da atmosfera congela-se numa camada de um metro de espessura, sobre a calota polar permanente, feita de gelo de água. Um fina camada de areia e pó separa os dois tipos de gelo. Na primavera, o calor do Sol passa através do gelo de gás carbônico e aquece a areia escura por baixo. O gelo em contato com a areia sublima - passa direto do estado sólido para o gasoso - e logo o reservatório de gás faz subir a laje de dióxido de carbono sólido, finalmente quebrando os pontos mais fracos da cobertura.
O gás, sob pressão, escapa a velocidades de 161 km/h ou mais. Ao subir, o gás arrasta consigo partículas soltas de pó e areia, e esculpindo a rede de "aranhas".