Gene do cérebro é o mais diferente entre homem e macaco.
Uma região do DNA ligada à formação do cérebro é a que mais mudou desde que a linhagem humana se separou da do chimpanzé.
LONDRES - Um dos pedaços do DNA humano que evoluiu mais rapidamente é um gene ligado ao desenvolvimento do cérebro, de acordo com descobertas de uma equipe de pesquisadores, publicadas na edição desta quinta-feira da revista Nature.
Em uma busca computadorizada pelos trechos de DNA que mais mudaram desde que as linhas evolutivas de humanos e chimpanzés se separaram, a "Região Acelerada Humana 1", ou HAR1, destacou-se claramente das demais, diz a principal autora do trabalho, Katie Pollard.
"Está evoluindo com uma rapidez incrível", declarou ela. "É realmente um caso radical".
Pollard primeiro rastreou o genoma do chimpanzé em busca de DNA que fosse muito parecido entre macacos e outros animais. Em seguida, comparou esta região entre chimpanzés e humanos, procurando pelos pedaços que, teoricamente, fariam uma grande diferença entre os outros animais e nós.
A HAR1, composta por 118 "letras" de DNA, apresenta apenas duas diferenças entre chimpanzés e galinhas. Já entre chimpanzés e humanos, há 18 letras diferentes.
Experiências realizadas pela cientista Sofie Salama mostraram que a HAR1 é compartilhada entre dois genes, HAR1F e HAR1R. As evidências sugerem que a região HAR1 não codifica proteínas, mas produz moléculas de RNA que controlam a atuação de outras genes.
As proteínas que compõem o corpo humano e o dos chimpanzés são muito semelhantes entre si, mas acabam montadas de modo diferente, explica Pollard. Diferenças de como, onde e quando os diversos genes são ativados provavelmente dão origem às diferenças físicas entre os humanos e outros primatas.
Pesquisadores de universidades dos EUA, Bélgica e França mostraram que o gene HARF1 mostra-se ativo durante um estágio crítico no desenvolvimento do córtex cerebral, uma estrutura que é muito Amis complexa nos seres humanos do que em chimpanzés e outros macacos.
Os cientistas descobriram que o RNA criado pelo HARF1 associa-se a uma proteína chamada relina no córtex de embriões em estágios iniciais de desenvolvimento. O mesmo padrão aparece em humanos e macacos rhesus, mas como o gene HAR1F humano tem uma estrutura única, o RNA pode agir de modo diferente. Essas diferenças podem explicar parte do que separa o ser humano dos demais primatas.