Sistema solar pode crescer de 9 para 12 planetas.
Além dos 12 planetas e plútons, outros corpos são candidatos a integrar o sistema solar.
Carlos Orsi, com AP
|
SÃO PAULO - Nosso sistema solar terá 12 planetas em vez dos nove atuais, se a União Astronômica Internacional (IAU) aprovar uma proposta apresentada durante sua assembléia anual. Plutão, que tinha seu status ameaçado, continuará a merecer o nome de planeta, e Caronte, que era considerado uma lua de Plutão, será promovida e virará um "planeta duplo" em parceria com o antigo "dono". Também passam a ser planetas o - até agora - asteróide Ceres e o objeto conhecido oficialmente como 2003 UB313 e, popularmente, como "Xena".
Com isso, a lista de planetas do sistema solar passaria a ser, em ordem crescente de distância do Sol: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Ceres, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno, Plutão-Caronte e 2003 UB313, que ainda precisa receber um nome definitivo. Ceres já havia sido considerado um planeta no século 19, mas acabou rebaixado.
Essa proposta, que será apresentada oficialmente nesta quarta-feira para os 2.500 astrônomos de 75 países, reunidos na República Checa, ainda pode mudar antes da votação final sobre o assunto, prevista para a próxima semana. Mas o plano tem a chancela do comitê executivo da IAU, que só subscreve propostas com chance sólida de aprovação.
A resolução também propõe a criação de uma nova categoria de planeta, os "plútons", numa referência aos objetos semelhantes a plutão que habitam o Cinturão de Kuiper, uma área além da órbita de Netuno povoada por "detritos espaciais" como asteróides, planetóides e cometas. Plutão, Caronte e Xena seriam os primeiros "plútons".
A mudança, se aprovada pela IAU, forçará uma revisão em massa de enciclopédias e livros didáticos. Para além do reino da ciência e da educação, astrólogos acostumados à lista de nove planetas definida no século 20 - após a descoberta de Plutão, em 1930 - poderão ter de adaptar seus cálculos.
Mesmo se a lista de planetas ganhar três novos componentes na votação de 24 de agosto, ela não ficará assim por muito tempo: a IAU tem uma lista de "observação", com mais de uma dezena de candidatos que poderão virar planetas assim que se souber mais sobre seus tamanhos e órbitas.
A nova definição proposta de planeta é: qualquer objeto redondo, que gire em torno de uma estrela e não seja, ele próprio, uma estrela. O formato esférico é importante porque indica que o corpo tem gravidade forte o bastante para definir sua forma.
Nesses critérios, um corpo com mais de 800 km de diâmetro, que gire em torno do Sol e tenha massa de, no mínimo, 1/12.000 avos da terrestre se classifica como planeta, mas casos limítrofes precisão ser analisados individualmente.
A Lua da Terra não se qualifica porque o centro de seu movimento está debaixo da superfície terrestre. Caronte, em comparação, gira em torno de um centro localizado no espaço, não no subsolo de Plutão.
Plútons, segundo a definição proposta pelo comitê da IAU, são objetos que atendem aos requisitos mínimos para merecer o nome de planeta, mas que se distinguem por estar a uma distância muito grande do Sol, precisando de mais de 200 anos para completar uma volta - o que os coloca para além da órbita de Netuno.
O plúton típico também terá uma órbita inclinada em relação à dos planetas clássicos, e bastante alongada. Segundo os astrônomos, essas características combinadas sugerem que os plútons têm uma origem distinta da dos demais planetas.
Ceres, localizado no cinturão de asteróides entre Marte e Júpiter, não é um plúton. Ceres foi o primeiro asteróide descoberto, em janeiro de 1801. Outros corpos do cinturão de asteróides, como Vesta, Palas e Higéia, estão na lista de observação e poderão ser promovidos a planeta no futuro.