Campos magnéticos afetam formação de estrelas.
Uma fração do gás na nuvem que dará origem à estrela está ionizado, o que torna o processo sensível a campos magnéticos.
EFE
MADRI - Os campos magnéticos do espaço têm um papel muito importante no processo de formação de estrelas, comprovou uma equipe de cientistas liderada pelo espanhol Josep Girart, em artigo publicado na edição desta semana da revista Science. Segundo Girat, esta é a "primeira vez" que observações comprovam, de forma clara, os modelos teóricos sobre o assunto.
Segundo a equipe internacional, além da gravidade, responsável por agregar as partículas de gás e poeira que darão origem à estrela, os campos magnéticos também têm um papel no surgimento dos grandes astros. O trabalho de Girart envolve a observação da radiação emitida por partículas de poeira espacial, "uma técnica que permite estudar os campos magnéticos associados a nuvens moleculares, que é onde se formam as estrelas".
O cientista explica que as estrelas nascem do colapso gravitacional de nuvens muito frias e densas, formadas basicamente de gás e partículas de poeira. Mas uma pequena fração desse gás está ionizado - tem carga elétrica - o que faz com que as nuvens sejam sensíveis aos campos magnéticos existentes no espaço.
Alguns modelos teóricos já previam o papel do magnetismo na formação das estrelas - uma das previsões desses modelos era de que, uma vez iniciado o colapso gravitacional, o campo magnético assumiria um formato específico. Observações realizadas pelo radiotelescópio Submillimeter Array (SMA), no Havaí, permitiram detectar, em detalhes, a emissão da poeira que forma parte do invólucro denso e frio que cerca o sistema binário protoestelar NGC 1333 IRAS4A. Este sistema é composto por estrelas embrionárias, com massas semelhantes à do Sol, e se encontra a 720 anos-luz da Terra.
A partir da emissão registrada, foi possível mapear o campo magnético e confirmar que ele tinha o formato previsto pela teoria.