Tecnologia amplia dilemas éticos da seleção de embriões.

O que é necessário, dizem alguns especialistas, é um consenso internacional.

AP

LONDRES - Os dilemas éticos que cercam a seleção genética de embriões proliferam, à medida que a tecnologia avança. Em comentário publicado na edição desta quarta-feira do New England Journal of Medicine, o médico Peter Braude, chefe do Departamento de Saúde da Mulher do King´s College em Londres, destaca que EUA e Grã-Bretanha adotam abordagens radicalmente diferentes para a questão, e pede novos padrões éticos, para acompanhar o desenvolvimento da tecnologia.

Braude se refere, em particular, à decisão tomada no Reino Unido em maio, pela qual a Autoridade de Fertilidade Humana e Embriologia decidiu incluir a suscetibilidade a certos tipos de câncer na lista das condições para as quais permitirá a seleção prévia de embriões.

Nos EUA, não há regulamentação oficial sobre o processo, chamado diagnóstico genético pré-implantação. A decisão sobre usar ou não a tecnologia fica a cargo do médico, dos pais e dos centros de saúde.

O problema, argumentam os especialistas em ética, é que a tecnologia avança mais rápido que a capacidade da sociedade em regulamentá-la.

"O que os britânicos estão procurando são suscetibilidades, o que, para mim, é um grande salto", diz o médico Tanmoy Mukherjee, co-diretor da Reproductive Medicine Associates, de Nova York. "Ter um gene de suscetibilidade aumenta a chance se alguma outra coisa acontecer mais tarde, mas não significa que você terá, necessariamente, esses cânceres".

O que é necessário, dizem alguns especialistas, é um consenso internacional, para evitar o chamado "turismo reprodutivo", onde casais viajam para se valer de tecnologias proibidas em seu país de origem.