Ultra-som pode afetar desenvolvimento do cérebro do bebê.

A pesquisa, realizada em 335 ratos, encontrou problemas em parte dos filhotes de mães expostas a 30 minutos ou mais de ultra-som.

AP

WASHINGTON - A exposição ao ultra-som pode afetar o desenvolvimento cerebral do feto, sugere um novo estudo. Mas os pesquisadores sugerem que a descoberta, realizada em ratos, não deve impedir que as gestantes realizem varreduras de ultra-som por motivos de saúde.

Quando ratas grávidas foram expostas ao ultra-som, um pequeno número de células nervosas nos cérebros em desenvolvimento dos fetos falharam em se estender corretamente pelo córtex cerebral. "Nosso estudo em ratos não significa que o uso do ultra-som em fetos humanos, para propósitos médicos e de diagnóstico, deve ser abandonado", disse o principal responsável pela pesquisa, Pasko Rakic, da Escola de Medicina de Yale. No entanto, acrescentou, as mulheres deveriam evitar exames desnecessários, até que novas pesquisas sejam realizadas.

O médico Joshua Copel, presidente do Instituto Americano de Medicina de Ultra-Som, disse que sua organização tenta desencorajar o uso do ultra-som como "entretenimento", mas considera os sonogramas importantes quando há benefício médico. "Sempre que fazemos um ultra-som, temos que pensar nos riscos e nos benefícios. Qual é a questão clínica que queremos responder", disse Copel. "Pode ser muito importante saber a data da gravidez, é útil conhecer a anatomia do feto, mas não deveríamos segurar o transdutor no abdome da mamãe por horas a fio", afirmou.

O artigo de Rakic diz que, embora os efeitos do ultra-som no desenvolvimento cerebral humano seja desconhecido, há doenças que, acredita-se, são resultado do posicionamento inadequado das células cerebrais durante a fase fetal. "Esses problemas vão de retardamento mental e epilepsia infantil à dislexia, problemas do espectro do autismo e esquizofrenia", afirmam os pesquisadores.

O artigo com as descobertas será publicado na edição desta terça-feira do periódico Proceedings of the National Academy of Sciences.

Varreduras de ultra-som são realizadas no início da gestação para determinar a semana exata da gravidez e, mais tarde, para procurar defeitos na anatomia do feto e outros problemas.

No entanto, alguns pais realizam varreduras para guardar como lembrança, mesmo quando não há necessidade médica. O Instituto de Medicina de Ultra-Som demonstrou preocupação especial no ano passado, quando foi anunciado que o ator Tom Cruise havia comprado uma ma´quina de ultra-som para sua noiva, a atriz Katie Holmes, para fazer sonogramas domésticos.

No estudo de Rakic, ratas gestantes foram expostas a ultra-som por vários períodos de tempo, de 5 minutos a 420 minutos. Depois que os ratinhos nasceram, seus cérebros foram estudados e comparados aos de ratos cujas mães não tinham recebido o ultra-som.

A pesquisa, realizada em 335 ratos, concluiu que, nos filhotes de mães expostas a 30 minutos ou mais de ultra-som, "um número pequeno mas estatisticamente significativo" de células cerebrais falharam em crescer até a posição correta e permaneceram espalhadas em partes erradas do cérebro. O número de células afetadas aumenta com, o aumento do tempo de exposição.