Vida é impossível na superfície de Marte, indicam estudos.

Carlos Orsi, com Agência EFE

SÃO PAULO - As tempestades de areia que se espalham pela atmosfera de Marte geram substâncias químicas corrosivas que inviabilizam a existência de vida na superfície marciana, de acordo com estudos publicados na revista Astrobiology. O principal componente dessa camada destruidora seria o peróxido de hidrogênio, que se condensaria na atmosfera e cairia sobre o planeta como uma neve corrosiva.

Os cientistas acreditam que a eletricidade gerada pelo atrito nas nuvens de pó e areia que muitas vezes cobrem o planeta seria a origem do peróxido. De acordo com Gregory Delory, físico da Universidade da Califórnia, o peróxido acumulado ao longo de um bilhão de anos chegaria a níveis capazes de matar todo tipo de vida "como conhecemos na Terra".

A presença de fortes oxidantes na superfície de Marte poderia explicar alguns dados contraditórios sobre a vida no planeta, como os experimentos realizados no solo marciano pelas sondas Viking 1 e Viking 2, nos anos 70. Na época, uma sopa nutritiva foi misturada a uma amostra de areia marciana, e algo pareceu "comer" a sopa, o que seria um sinal de vida. No entanto, outras experiências falharam em confirmar o achado. Se a superfície de Marte é corrosiva, a "digestão" da sopa poderia ser explicada quimicamente, sem a necessidade de apelar para a biologia.

Mas um dos artigos da Astrobiology reconhece que o peróxido também deveria acelerar a destruição do metano em Marte, o que entra em conflito com os níveis do gás observados recentemente no planeta. Esse dado sugere a presença de uma fonte que repõe continuamente a substância, em quantidades maiores que as estimadas anteriormente. Uma das explicações para a criação constante de metano seria, exatamente, a presença de vida.